domingo, abril 29, 2007

feriado de molho

Ontem tirei o dia para fazer nada. E é especial quando a gente deixa a vida levar, o dia, as coisas correrem naturalmente - preguiçosamente. No frio, o chimarrão.
Meus ex-alunos vieram me visitar: Zé Paulo, Tamira, Fred e o Fernando. Já não são os mesmos, imaginem, eles tinham 10 anos! São transformações abertas, porosas ao mundo. E que delícia participar disso - mesmo à distância.

Ficamos em casa. Jogando conversa fora, falando da vida, de planos, de frustrações. E de muita ansiedade. Ouvia a deles e escutava os berros da minha aqui dentro. Foi gostoso.

E na ida... uma muvuca básica no Pacaembu, só para dar ares de aventura a uma mera carona pra casa. E risadas misturadas com a saudade de sala de aula e com o desejo de que ela nunca mais volte e só dê lugar a um futuro esplendoroso, que pretendo testemunhar. De cada um ali.

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quarta-feira, abril 25, 2007

de molho

De molho no orgulho doído. A gente erra mesmo e só o que nos resta de quase-salvação é admitir. Fiz essa lição de casa bonitinho para o Juliano esses dias. Essa minha - danada - incompetência de administrar as contas... Descontos emocionais à parte é bonito ver uma relação amorosa tomando contornos mais profundos, humanizados, contraditórios e intensamente apaixonados. A gente vai emergindo do outro, no outro...

Estou satisfeita com meus lampejos de humildade. Nada fáil para uma leonina. Enquanto isso, na sala de justiça, fico aqui, arrumando a caixa da cabeça com leituras complicadas de antropologia, história, e uma pitada de poesia maluquete... esperando a nevasca passar.

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quarta-feira, abril 18, 2007

 
e ver a noite chegar...

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se despedindo...

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vontade de eternizar...

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pôr (d)o sol...

A parte boa do dia. Aulas ao fim, terminados os compromissos. Fugi correndo para pegar o pôr do sol na praça. Estou virando colega dela demais. Passo ali todos os dias e recordo muita coisa. Muita! Agora que o horário de verão acabou eu não tenho mais a rapinha do sol. Ele foge antes. Acorda mais cedo que eu. Nada mais justo.

Fiquei ali. Cheguei cedo, sol alto. Pessoas pelas escadas. Cachorros que levam os donos para passear. Uma brisa que trazia no colo o vento gelado do outono. Quase de noitinha. Desci do carro e fui caminhando solenemente até o meu cantinho. Já posso dizer que é meu. Sempre me espera.

Levei minha garrafinha de água pra molhar a garganta depois de um dia (quase)lotado de coisas pra fazer com a voz... Abri um pacotinho de clube social. Integral (quanta mania de saúde! aff...) Fiquei ali quase uma hora. Vi o disco laranja. É a única hora do dia que eu posso olhar o sol. Não me machuca os olhos. Olho de frente, de cabeça erguida. COm vontade de colocar aquela luz, aquela grandeza toda aqui dentro.

Esses dias o Juliano explicava - terapeuticamente - o significado das infinitas fungadas que eu dou nele... vontade que ele se misture comigo. Isso sempre. De ter toda essa coisa do Nosso mais e mais entranhado em mim. Quase funguei o sol hoje. Que delícia. Mas ele é grande demais para a minha mania de grandeza leonina. Mesmo com o sol no signo. É demais.

Me contentei ali. Olhei a luz cheia de charme se esconder atrás da nuvem. Sedução pura. Mostra escondendo. E deixa a gente ali, se apaixonando platonicamente. Sem nenhuma chance. Rabisquei no caderno. Não tinha nada a dizer. Uma paz esses dias. Um respiro longo. Sinal de que é preciso por o sol aqui dentro. Interiorizar a grandeza e a compreensão de que o dia e a noite só existem um pelo outro. E respeitar a noite na gente. Saber esperar a aurora. E receber de corpo quente o vento gelado da vida. Que de manhãzinha começa a soprar mais caloroso... até o meio dia, insuportável.

Acho que quis dizer isso à minha mãe hoje. Não consegui. Me deixei ali na praça? Agora o sol se pôs. E eu aqui, pondo dele em mim. No meio da noite.

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estranhezas

Hoje eu resolvi ter uma conversa com a minha mãe. Falar desse distanciamento dela. Da falta de proposição, apesar dos telefonemas todos. É engraçado como a gente vai se escondendo ao longo da vida. Coisa esquisita essa. E nem sei mesmo se tem propósito qualquer.

O mais curioso é perceber-se pelos olhos dos outro. Mais que desafiador. Enfim... Eu nem direito como começar esse texto. Hoje cedo pedi para que ela viesse tomar café em casa. Sinto saudades. Das conversas, do cheiro dela e dessas coisas que só as mães fazem pela gente. Ela está com medo de se meter na minha vida. É complicado demais explicar que o volume de trabalho, a ocupação interminável não permite visitas constantes. E mais: que a visita não tem o propósito da "peregrinação geriátrica" como diz o meu sogro. É mais. Muito mais.

Tem todo um aspecto metafísico nisso: a saída da casa dos pais. Não se trata de psicologizar as coisas, mas de perceber uma outra dimensão dos ritos de passagem. Não foram feitos no meu caso. Rompi. Saí. "Foi escolha sua". Sei. Mas isso não me deixa mais infeliz, em nada. Ao contrário. Crises não destroem. Desmontam. E talvez essa desmontagem seja difícil demais pra ela.

Tive que ouvir algumas coisas - previsíveis - outras surpreendentes. A terapia tem me distanciado. Mudado demais essa pessoazinha que eu sou. Ora, faz tempo. A diferença é que a pessoazinha não se mostrava nas suas crises. É mais fácil, como dizia esconder-se de si mesmo. Que dirá dos outros. Tão ignorantes das próprias cavernas, esconderijos.

Sobre meu comportamento defensivo. Puxa, estava pensando se estou de fato tçao defensiva assim com as pessoas. Por que? Talvez só uma vontade de ficar aqui, em silêncio apesar de todo barulho fora de mim. Vontade de me olhar, me descobrir, desabrochar. Sem temer. Mas o medo é bonzinho, até certo ponto... ajuda a gente ser prudente. Difícil estabelecer fronteiras... existem?

Quem me vê afinal? O que acontece com a minha mãe? Mulheres. Duas. Adultas. E não há mais jogos a fazer. Ou só não aprendi as regras do novo. E pareça qualquer movimento meu - ataque. Só colo eu queria. E poder sentir sinceridade ali. Sem metades. Sem esquivas e discursos arranjados. Nada. Só transparentes...

Mas deixei a coisa rolar ali. Ela tomava café - suco de maracujá! - e comia um pãozinho com manteiga, outro com creamcheese. Olhava pra ela. Cabelos mais brancos. As rugas aparecendo no canto dos olhos. Mas é tão bonita essa mulher! E percebia naquele gesto de comer e falar uma traiçoeira brincadeira - ser mãe te dá imunidade a algumas coisas. Mas os filhos aos poucos sabem o antídoto. Deixei ela falar. Ouvi. Disse que ia pensar.

Pegamos o carro e ela dizia que estava doente. Mas que não era nada sério. Imagine se eu falar dos meus exames! ai ai... estava mais camuflada. Dentro do carro, dirigi devagar. Ela sabe que eu sou rápida na direção. Deixei ela no centro e abri uma declaração dessas que a gente faz com 5 anos de idade e depois vai desaprendendo. "Mamãe, eu te amo muito, viu? Nunca esquece. Tu tá sempre no meu coração e quero que a gente continue assim!" Ela nem me olhou nos olhos, acho que estava emocionada. Disse "a mamãe também"... Me deu um beijo, saiu do carro, um tchauzinho tímido pela calçada escura. Perfeito para aquela timidez... Businei. Deu saudades. Não de casa. Mas de uma fase que a gente perde mesmo. Mesmo. Não sou mais criança.

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conversando no trem....

Segue o link... texto bem escrito. Faz pensar. Postei um comentário ali.

http://www.coletivo.com/2007/04/conversa-de-marreteiros.html

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segunda-feira, abril 16, 2007


Acordei pensando no meu domingo. Eu adoro domingos desde que conheci o Juliano. Ontem foi a comprovação de que - de fato - eles podem ser maravilhosos. E por quase nada. Por pouquíssimo. Pela simples sensação de que no mínimo, no detalhe, no sublime... as coisas se revelam. E acontecem.
É preciso dizer, sem machucar. Se colocar sem assombrar os outros. E esperar. E receber. Milagres cotidianos, tão banais que nem seriam mencionados à exceção do brilho no peito que ele deixa. Filosofia não... transcendência do eu. Maturando...
Esse gostinho de poder sorrir por dentro. E ver que esperar tem valido a pena. Uma hora, acontece. Sorte sua se estiver ali pra testemunhar.

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domingo, abril 15, 2007

Ontem reencontrei o Vinícius. Depois de quase dois meses após a sua defesa de mestrado. É engraçado sentir que uma pessoa faz parte assim da sua vida mesmo se você fica todo esse tempo sem ver. Eu tenho reclamado. Sim. Há tempos que a gente não se vê com frequência e meus impulsos leoninos de apego aos grandes amigos não compreende a frase clássica da modernidade "a vida tá uma loucura". Ridículo. Principalmente por que eu repito isso com frequência às reclamações dos meus amigos.

Foi um reencontro curioso. Eu, Max, Vinícius... se reconhecendo ao longo de um processo de 10 anos de convivência - e testemunhos - interessantes. Eu tenho muito amor por eles. Admiro-os como homens, como pessoas, amigos, namorados. Acho bonito vê-los ao lado das queridas.

E por vezes, em meio a uma, duas cervejinhas... fico ali, em silêncio comigo agradecendo pelas presenças... Ontem eu quis ir sozinha nesse churrasco. Estava com uma vontade de sumir do mundo. Mas o Juliano insistiu para ir comigo, fazer companhia e essa coisa toda de casal que a gente cultiva - e que é super bonito. Eu quase disse não. Tenho vivido um esforço de dizer os meus nãos sem parecer campanha feministas brega e despolitizada. Na real... eu tenho tido vontade de ficar cada vez mais sozinha. E isso não tem nada a ver com ele. Nem com mais ninguém...

Fomos e eu entrego as chave do carro demodo habitual. Não quero dirigir com ele mesmo dando pitacos ou se contendo pra isso. Não preciso. Tenho evitado confrontos de infantaria. Chegamos lá e eu com mil minhocas na cabeça sobre meus exames médicos. Quando a gente convive com alguém não se pode mesmo esconder nada. Eu tento fazer essa encenação com os meus amigos e a minha família. Sempre dá certo. Mas meus dotes artísticos com o Juliano tem ficado mais limitados.

Saímos tarde de lá e eu evitando a mim mesma. Só tinha vontade de ficar na estrada. Andar. Tomar o vento no rosto. Sair por aí. Entupir a casa com livros. Comprar vinhos. E esquecer que eu preciso ser assim.

Tenho saudades da faculdade. Não da época, ou do local. Mas de uma convivência mais levem divertida, apesar de todas as crises. Estar com os meninos ali, de alguma forma, me trouxe esse respiro de volta. Voltava aos poucos a estar com a cabeça na direção do horizonte... olhando no olho, respirando e rindo. Meu apego é tão grande qeu chega a me dar impressão que não saberia sair mais de mim, nem por esforço intelectual. Não sei mesmo, se de fato, isso é possível para alguém.

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Tenho andado de molho escrevendo... Nada de significativo exceto pelo fato de outra vez, mergulhar demais. SObre o feriado da Páscoa... melhor não dizer nada. Há tempos esse feriado não diz nada pra mim. Nem "coma chocolate pra caramba até morrer". Na verdade, eu me revolto demais com esse papo culposo da morte de Cristo. Antes de mais nada se vive há milênios, num crescente de culpa e martírio porque ele morreu. Não morreu por mim, por nós. Morreu por ele. Numa proposta de transformação e exemplificação (se assim quisermos dar o tom religioso) que não diz nada a respeito da gente. Sobre os aspectos históricos... melhor nem levantar a bola. Messias aos montes com promessas de salvação num contexto absolutamente promissor para narrativas fantásticas.

Acredito no Cristo. Mas não nesse que vejo na "semana santa". Francamente... Mas procuro entender porque as pessoas ainda precisam disso, dessa imagem de filme de terror ensanguentada e mutilada, pacificada e resignada.

O ponto é que a Páscoa é pra mim de fato um monte de dias para colocar a cabeça no lugar. E nem isso aconteceu nesse período. Ao contrário. Quase eu me deixo ir, para algum lugar nada conveniente.

Voltei do feriado sem descansar. Feliz de ter ficado perto de gente tão bacana. Mas com aquela vontade de ir embora para o meu mundo. Acho que perdi o endereço dele também.

Andei amargada esses dias. Em silêncio, querendo deixar de lado essas coisas que a gente se esforça tanto para entender e aceitar. Honestamente... cansei. É mais que uma coisinha adolescente de "estou de saco cheio do mundo". Ao contrário, trata-se, acredito, de priorizar o que eu quero de verdade me preocupar. Onde quero depositar meu foco de transformação e inquietação. É quase um ligar o "F" de forma profissional. Sem apegos ou crises de "não vá embora" "não faça isso", "não isso", "não aquilo"...

E é com todos. Tenho olhado as pessoas ao meu redor e pensado que todos nós temos os nossos "querer e poder". E nem sombre podemos. E o que eu tenho com isso? Nada... É um crescer de respeito dentro de mim. De aceitação. E de não esperar mais pelas pessoas. É, de fato isso pode parecer muito arrogante. Mas não é... e quem pensar ao contrário. Ok.

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quarta-feira, abril 04, 2007

Stand by me

O Claudio. Vulgo Pico. A gente se conhece desde os 6 anos de idade. Pãtz! São tantas histórias com ele... ele é uma testemunha e tanto dessa minha vida cheia de crises, minhocas e empolgações. Viu o lado negro da Srta T antes que qualquer um...

Eu, quando éramos crianças admirava muito ele, e ainda sustento essa admiração com todas as minhas fibras. O Pico sempre foi um cara inteligente, sensível demais... e, com eu, com esse sentimento de estar deslocado do mundo. Acho que ele foi o meu primeiro amor. A gente brigou muito depois na adolescência, mas sem se desgrudar. Quando tinha 12 anos, assisti o filme Stand by me e chorei horrores pensando nele! A gente nunca mais tem amigos como se tem aos 12... Outro dia passou o filme de novo na televisão. Chorei outro monte. Mas não consegui ligar pra ele pra dizer isso. Demorou quase uma semana para que a gente se falasse ao telefone.

Na infância o Pico tinha todos os brinquedos, as viagens, o pai dele era o dono da escola que a gente estudava. Eu tinha uma certa inveja de tudo isso, a família da gente, recém-chegada em São Paulo tinha muitas privações materiais. Enfim... passaram -se os anos e o Pico está trabalhando na FNAC. Nunca achei que fosse ver isso. Achávamos, quando crianças, que ambos iam ser da indústria de cinema, ele diretor. Eu atriz. A gente até brincava com os nomes dos nossos ídolos. Thais Lucas e Pico Spielberg. Adorávamos todo o tipo de ficção, fantasia. Ele foi quem me apresentou o Monty Pyton. E depois, anos mais tarde, o RPG. E com isso tudo um grupo de amigos que eu amo de todo o coração hoje, o qual eu não posso imaginar a minha vida sem aquela risada compulsiva e boba, o tempo todo.

Devo muito a ele, talvez a maior amizade, mais extensa, plena, verdadeiramente cúmplice que a gente tem na vida. Não importa se a gente fica anos sem se ver - agora isso não acontece mais...!

Ontem fui ve-lo no emprego. Estava com uma saudade aguda dele. Acho que o Pico é uma das poucas pessoas, de fato de um círculo muitíssimo reduzido, que me deixa espontânea. Eu estava com saudade dessa sensação. Apesar de ter sido o máximo a sala de aula ontem... eu queria mais. Cheguei no Shopping Morumbi e corri para a Fnac. Queria que ele não visse a minha cara de "estou morta hoje com esse calor" e dei um jeito rápido no cabelo, passei um batom. Cheguei na loja e - com a claridade toda da luz - não enxergava direito. Encontrei! Me aproximei do moço e vi que não era ele. Ok. Perguntei: "O Claudio Villa?". Resposta: "CD ou DVD?" Fiquei uns 20 segundos olhando para o moço... como assim? "Não. Ele é meu amigo... trabalha aqui". "Ah! É que a senhora está na sessão de música!". Pãtz...

Fui ao balcão de informações e perguntei onde ele ficava. Obviamente. Nos livros. Subi correndo. E lá estava o Pico. Com o uniforme da loja, mexendo no balcão. E sempre me recebe com o sorriso mais doce...com um olhar de "seja bem vinda ao nosso pequeno, mas verdadeiro universo". Era exatamente isso que eu estava precisando. Abracei ele demoradamente. Foi uma delícia. Fiquei ali, quietinha. Quase chorando. Ele perguntou se eu estava bem. "Carente de amigo". E foi só o que eu consegui dizer...

Ora. A gente nunca mais tem esses amigos, mas se puder mantê-los... melhor para você. Conversamos um pouco. Deveria ser umas 20:30. Vi que ele queria me dar atenção, mas a loja o chamava. Clientes com perguntinhas bobas. Francamente. Dicas de leitura. E sabe o que mais me tocou ali? Eu vi o quanto o Pico é generoso. Ele transforma tudo o que está ao redor dele. Um cara como ele, cheio de coisas brilhantes, ali, dando o melhor. Melhor mesmo. Carinho, atenção. E aquela leitura toda acumulada desde que a gente começou a ler.

Na hora eu me lembrei de um trabalho que fizemos para o Sidão, nosso professor de redação da 6a. série. Tínhamnos que contar uma história como se fosse um programa de rádio. Para isso... sonoplastia. É claro que a gente fez o trabalho juntos e que a nossa megalomania de efeitos especiais estava ali.

Saí de fininho da loja, com vontade de ficar. Dei um rolê até o Market Place e fui no Braumeister. Minha cervejaria favorita. E fui reencontrar o gerente. Marquinhos. Abracei a loja inteira e tomei um chopp escuro. Fiquei ali, escrevendo. Arrumando a agenda e pensando na minha trajetória desde muitos anos. Ando reflexiva. Ontem a vontade de sumir passou. Fiquei quase 1 hora na cervejaria batendo papo com os garçons e o gerente. Matando saudade de uma pessoa dentro de mim. Era bom me ver ali, espontaneamente viva.

Dei outro giro na concorrente - a livraria Cultura e voltei para o Shop. Ver o Pico. Fiquei ali enrolando e vendo ele arrumar, orientar. Sei lá. Tantos pensamentos ali. Pensei como é louco a gente conhecer uma pessoa há mais de 20 anos e ainda admirar, se surpreender. E se maravilhar. Fiquei quietinha ali, agradecendo à vida por ele ter sugido. Meu primeiro amigo em São Paulo.

Levei ele pra casa e fiquei escutando os sonhos de escritor dele. Ele escreve bem demais! Desde sempre. Contei algumas peripécias das minhas aulas e ele riu. Claro. A gente sempre riu um do outro. Deixei ele em casa. Foi tão rápido. Me despedi. Errei o caminho de volta e quando atingi a Marginal Pinheiros fui me lembrando da formação de todo o cenário na minha vida. Saudades do ginásio, Pico... mas que maravilha ver você ainda tão perto do meu coração. Chorei de novo no carro. Eu ando sensível com essas coisas. Mas foi tão gostoso... o vento. Uma música de fundo, quase inaudível. E aquele monte de lembranças de aventuras, de mundos fantásticos. De Duna, de Star Wars. De tudo o que a gente ainda carrega um do outro na alma. Obrigada.

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terça-feira, abril 03, 2007

Elsa, Fred e eu

Ontem assisti esse filme. Impressionante como a simplicidade transforma mais que a complexidade. Depois de uma sessão de terapia profunda, mas simples.
As palavras... são efêmeras demais. Se perdem no tempo. Os rancorosos se apegam a ela porque é mais difícil se libertar de ações. Elas não deixam registros concretos.

Focar nas ações e não nas palavras. Tarefa bem complicada para quem lida com a palavra - e todas suas formas de poder associados - diariamente. A formação em humanidades detona um processo que, apesar da tradição literária e escrita dar lugar a trabalhos materiais, etc e tal... falta. Experienciação. O mundo empírico me afeta, mas o das palavras mais. Só me dei conta disso ontem. Estaria aí a razão da dor permanecer?

E para que? Eu olho para o Juliano e me calo diante das atitudes dele. Mais grandiosas, mais plenas, intensas, inteiras do que as minhas. Calculadinhas de tudo. Espontaneidade >< Planejamento. A gente se alterna. Eu planejo, até tento, o que sentir. Mas como dizia, o mundo da experienciação é fora de controle. Palavras são passíveis de ordem, de previsão. De planejamentos e arquiteturas intensos. Ações não. Imprevisíveis de tudo, nos humanizam. E as palavras nos dão somente a aparência de estar sob o domínio de algo. Damos forma. Estruturamos (linguistas... mais ou menos, viu?) e reformulamos. Ações não cabem nisso. Fogem da nossa arrogância. Desumana.

Assistindo o filme ontem caí em mim... o medo da vida é maior do que o da morte mesmo? E de que vida e de que morte eu falo pra mim mesma? nada... ora essa. Tantos sonhos. Na simplicdade das ações. Eu vi que ser adolescente até os 80 pode ser mais saudável do que mergulhar no amargo amadurecimento pregado por alguns. Claro, amadurecer pode ser escolher o melhor de cada idade para permanecer vivendo.

Chorei. Vi a projeção de sonhos meus, do Nosso, dos outros. De como a Srta T adora viver a vida colocada em tela de cinema: aventuras e cenas românticas, bastante comédia e, claro, um dramazinho para temperar. Leonina. Centrada nos holofotes. Queria ir pra Roma, entrar na fonte. Ganhar aquele beijo de amor, surpreendente. De olhos fechados ver o mundo todo acontecendo em volta de mim. Em silêncio, só com a minha trilha sonora. E o que falta pra isso? Sem receitas, ok? despojamento interior, não querer ser velha... por dentro. Depreender o significado das palavras. Agir. E deixar ir... pela fonte. E não esperar a idade me dizer o que eu tinha que ter feito...

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segunda-feira, abril 02, 2007

saindo, saindo, deixando... os telefonemas que sempre se esgotam. não se concluem. liguei para pessoas que sei que podem me resgatar. mas não consegui completar o pedido de socorro. e sumo. e desligo. e interrompo no silêncio. Cadê a Márcia? e as pessoas de casa? lá fora. tranquei a casa. joguei a chave. E as janelas não abrem. queria poder dormir mais nesse pesadelo... e esquecer. o risco.

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em casa

Olho em volta e vejo um castelinho construído. Frágil. Pois fortificações levam anos pra se erguer. E um dia para ruir. Tijolinhos, mobília. Enfim... coisinhas que parecem ser tão concretas. E a concretude disso tudo não se apalpa. Não se toca. Nem se vê. Onde está mesmo? Nos olhos? No toque? Nas declarações de amor? Em lugar nenhum... talvez. E só a sensação de se querer ter isso, de algum lugar, dali, de ti. E eu me procuro. E não te vejo. Só a sombra dos passos nessa manhã de abril, ainda verão.
quase despedida...? quem sabe...

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Oi Sra. T, Tudo de Bom esse seu blog ... Isso é muito gostoso ... Compartilhar dia a dia .... Mandou Bem... Somos Humanos ;)

Não consegui me cadastrar, mas fiz uma observação interessante: Os títulos de seus textos se lidos em seqüência, têm uma conotação poética de cotidiano também.

1.000.000 de Beijos do Primo q Te Amma Demais ;)))

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primeiro de abril

Praça Pôr-do-sol, domingo à noite. Sem calor, sem sol, sem pôr-do-sol. Aquela brisa desejada que o outono não manda durante o dia. Ingrato. Fui pra lá. Sem cerveja. Só um pouco mais de água de côco.

Engraçado como o retorno ao local pode ser assustador. Anos antes. Ali. Quase no mesmo local. E ontem... bem, deve ser por causa do primeiro de abril mesmo. Trote. Ou a simples percepção de que a vida é algo mesmo arriscoso. E paciência.

Nunca me dei conta que a palavra "também" tivesse um apelo tão grande. Coisas como "eu sei também", "eu te amo também", "eu não sei também", "eu sofro também" ganham contornos mais assustadores quando se está em processo de escancaramento profundo na vida.

Passear é uma delícia, escutar também. Também. Mas processar. Também. É difícil. E não há nada o que se possa fazer. Não se tem controle de nada, de ninguém. E que bom. É mais complicado viver a dor da ilusão de se ter isso. Mendigos de amor. De atenção. De nós mesmos. E eu só tenho pensado em sumir. Também. Para longe daqui, de mim. Do nosso.

E me vi querendo adiantar um processo que vai me deixar tão mais leve. Não está nas minhas mãos. Nunca esteve. É de escolha do outro. Também. E se tudo isso foi mesmo verdade? Resolve pensar que foi primeiro de abril? Ou que internalizei esse dia no peito com medo de viver iludida? Também.

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