quinta-feira, outubro 18, 2007

Quase lua cheia...

E eu me vejo mais uma vez mergulhando nessa quase pelnitude de sentires. Fico me perguntando se é sempre assim... intensamente que se deve viver e conviver. Intensamente é demais pra mim. Me deixa assombrada pela sensação de que só eu, somente, só, sinta sozinha. E fique nesse monologar de pedir, sinalizar, esperar, compreender.

Voltando pra casa me lembrei do meu pai falando que amar é doar-se. Creio que seja também doer(-se). Bendita letra que aprofunda os punhais de significação aqui dentro de mim... Não consegui pensar em nada. Só sentir. Tenho saudades de conversar mais com os meus amigos. Eles também andam tão ocupados. E eu aqui, mergulhando nas crateras da lua à medida que elas aparecem... e nublada com a perspectiva que a chuva não cesse, nem o sol apareça nos próximos 22 dias, e talvez nos próximos 2...qualquer coisa.

Cuidei pra preservar isso que há de bonito em mim, alguns dizem. Mas é preciso ser mesmo assim tão sensível Srta T? Afinal, por que se é assim? Não creio que aceitar seja bom... nem garantir que algumas mudanças sejam - em mim - satisfatórias a ponto de esperar mais. Fico buscando o caminho aqui dentro. E me lembro do porto ... onde foi que deixei os meus barquinhos? Tem havido vento demais. E de direções diferentes aqui dentro. Não há mar calmo. E as ondas parecem ser mais cíclicas de dentro pra fora do que o contrário. O mar revolto(-me) em silêncio. Por que mesmo? Será que doar-se tem que doer tanto? Ou é o meu egoísmo me deixando... Nunca gostei de despedidas. Despedir-se de si mesmo é ainda mais difícil... Vontade de aportar. Ver o pôr-do-sol. E sentir a brisa dando esses beijinhos no coração. E nem sentir mais nada...

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terça-feira, outubro 16, 2007

Lembrando do Caio Fernando... EU ODEIO com maiúsculas...

Há uma lista (enorme segundo o Juliano) de coisas que eu ODEIO. Nem sei se são tantas assim, mas de fato as enxaquecas são uma delas. Ontem tiver que parar o carro num posto de gasolina antes que batesse no farol. Não conseguia enxergar mais os carros e cometi o erro de me apressar em chegar em casa. Demorei pra poder dormir, apesar de ficar sonequinha, por conta da dor. No meio daquela tocação de sinos dentro do meu crânio, fiquei pensando - é, isso mesmo, a gente pensa mais com a dor... - no que ela nos mobiliza.

Essa sensação de vulnerabilidade. De não ter - de fato - controle sobre o corpo. Desmaiei chegando em casa. Não é figura de linguagem. Caí mesmo. E me recordei dos escritos do Caio sobre a doença. É muito doido você não controlar você mesmo. E confesso que isso me apavora. Não controlar nada na minha vida de fato me deixa - quase sempre - em pânico. Sempre foi assim. Me fragiliza a idéia que as coisas acontecem independentemente de mim - e me encanta ao mesmo tempo.

Fui embalada por um carinho só meu, só do Nosso. Desses que te fazem acreditar em contos de fada. E perceber as fadas saltitando à sua volta. Fui dormir com a história das fadas, também do Caio. E sem despertar desse sonhar acordada sinto aquela presença misteriosa comigo... dele. E quase me esqueci da dor...

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quinta-feira, outubro 11, 2007

Há algum tempo eu venho refletindo sobre a imagem do post anterior. Ela me tocou tanto que nem pude escrever... Tenho pensado onde estão meus portos. Dentro, fora... em lugar algum...

Certa vez, conversando com o Nelsinho ficamos falando sobre essa sensação de ser - em alguns momentos - espectador de si mesmo... Ele se via à beira de um penhasco, vendo o pôr do sol. As montanhas eram altas, mas a vista alcançava longe... Puro verdo misturado ao lilás e laranja do disco se despedindo. Lembro bem dessa imagem descrita por ele. O meu penhasco tem o mar à frente. E um horizonte mais longíncuo, interminável e inalcançável... O mar se mistura com o céu, que se mistura com aquele monte de cores sutis, delineadas pelas nuvens. E nessa imagem eu não via nenhum porto. Nada. Só sentia o vento, forte, e o cheiro do mar me cortando por dentro.

Numa outra conversa com o Vinícius falávamos da imagem poética do Pearl Harbor. Esse mesmo do filme. O nome é lindo. O restante, construção. Destruição. Não importa. Falávamos sobre como algumas amizades são esses portos da gente. Semana passada, depois de muito tempo, me senti só. E não é essa solidão de estar com alguém. Fico imaginando que, se por acaso o Juliano lesse isso talvez ficasse chateado. Não se trata dele. De estar num relacionamento seja ele qual for. Me senti só. Tendo que realizar, permanecer, fortalecer tantas coisas e pessoas aqui fora. Há um tempo que venho sentindo no corpo esse desmoronar de forças. Engraçado que o Vinícius sempre diz que eu sou muito forte. Onde eu coloquei a minha sensibilidade - travestida em fragilidade?

Olhei a imagem de novo agora há pouco. E uma vontade de mergulhar nessa água. Nadar tem me feito muito bem. É instrospecção dentro e pra dentro... Pra fora de mim, o ar. E as coisas todas que as braçadas deixam pra trás. Penso muito na piscina. É diferente do ballet quando eu prestava atenção no corpo todo e me enfiava pra dentro da música. E o silêncio acontecia dentro de mim... Na água é exatamente o oposto... Mergulho cada vez mais para o meu barulho tumultuante. Fico com a sensação que eu procuro alguma coisa ali debaixo d´água... e quando saio dali, os portos ainda não apareceram.

Há tanta coisa acontecendo aqui dentro... tenho sentido falta dos amigos, desses mais testemunhas de mim. Saudade de carinho de pai e de uma despreocupação com o dia seguinte... Chorei muito nesses dias e nem consigo dizer bem porque. Dor? Não sei... acho que é essa solidão que caminha sozinha aqui dentro.

Durante a semana tenho ficado em casa. Estou sem aulas na escola e curtir esse meu "solo sagrado" tem sido reconfortante. Saí de casa alguns dias para andar pela cidade. De ônibus e a pé. Fui na Santa Efigênia. Na 25 de março e esses lugares barulhentos e cheios de coisas incríveis. Me senti como o Geertz em seu trabalho com a briga de galos. Tanta desolação e potencial criativo. Olhava as pessoas trabalando naquele mercado persa e me perguntava o que elas faziam dentro delas. Eu sempre me pergunto o que faço com as coisas que eu sinto. E nunca chego a uma resposta convicente. Juliano me diz que eu não preciso comunicar os sentimentos. Só sentir. Eu só sinto comunicando. Não sei sentir só. Ou esse sentir-se só é porque não se comunica?


E ontem, pela primeira vez depois de muito tempo acho que consegui sentir no corpo todo a epifania do gerar. Vou ser madrinha do filho do Pico. Pedro. É o meu primeiro afilhado e esse convite me despertou uma luz aqui dentro... Uma vontade de aportar. Esperar os navios chegarem, outros irem... e qual porto que eu procuro mesmo? Esse que me permita ver o pôr do sol... em silêncio...

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sábado, outubro 06, 2007

aportando em mim... ou fora de mim?

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