quarta-feira, janeiro 16, 2008

o tempo

Nem me atreveria a falar sobre isso de forma inteligente. O que me resta é falar e sentir esse mistério que não sei mais se é criação nossa ou dos deuses, seja lá qual nossa criação sobre isso também...

Há conversas de tempos. e que até nem levam tanto tempo. Doem, e continuam doendo com o tempo. Fico me perguntando se isso é assim mesmo. Ou se eu levo tempo demais pra processar esse monte de sentir em mim. Ou se é apenas o meu apego ao tempo que as faz durar tanto aqui dentro. Há outras conversas que levam mais tempo. Um tempo semi braudeliano que ultrapassa a minha sensação de pseudo-controle do tempo. Há outros tempo para conversar mais. Menos. Há tempos pra silenciar. Esperar. Deixar aquilo fazer ou perder o sentido. Para sempre. Sempre?

Há pessoas que não deixam o tempo passar. Outras o trapaceiam. Há aquelas que fazem do tempo seu meu melhor amigo, inimigo, amante, marido, mulher, filho. Familiam todo ele. e ainda assim ele passa por você, poroso ou não. Há quem o jogue fora. Embora eu sinta que ele é esperto demais pra isso. Vem cobrar o tempo que foi deixado.

Há aquelas pessoas que envelhecem de dentro pra fora. E outras nascem já velhas. Outras se rejuvenescem e de todos os modos. Deixando espaço para essas lendas infantis e (certamente) quase adultas da fonte da juventude...

Há uma dimensão em mim de tempo profundo, escuro. Quase como o irmão mais velho, o Destino. Cego, mas paciente. Há outro tempo mais jovem, serelepeando e golpeando a minha ansiedade. Delírio e Desejo. Há um primo, que prefiro que fique longe. O desespero. Pelo tempo. E a morte. Que tempo?

Ontem recebi a visita de alguns ex-alunos e me dei conta de um apego meu a um tempo. Que nem sei se é tão apegado assim. Mas nunca é quieto. Me lembro de ver num filme (romântico, evidentemente) a cena em que o homem, muitos anos depois, e separado da amada, se perguntava porque a pessoa amada parece nunca envelhecer? Fiquei com isso essa noite. Virei e desvirei. Pra talvez me dar conta que o tempo não envelhece. Mas pode caminhar de mão dada...

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segunda-feira, janeiro 14, 2008

que esse ano seja...


This could be heaven
This could be heaven
This could be heaven for everyone

In these days of cool reflection
You come to me and everything seems alright
In these days of cold affections
You sit by me - and everything's fine

This could be heaven for everyone
This world could be fed, this world could be fun
This could be heaven for everyone
This world could be free, this world could be one

In this world of cool deception
Just your smile can smooth my ride
These troubled days of cruel rejection, hmm
You come to me, soothe my troubled mind

Yeah, this could be heaven for everyone
This world could be fed, this world could be fun
This should be love for everyone, yeah
This world should be free, this world could be one
We should bring love to our daughters and sons
Love, love, love, this could be heaven for everyone

You know that
This could be heaven for everyone
This could be heaven for everyone

Listen - what people do to other souls
They take their lives - destroy their goals
Their basic pride and dignity
Is stripped and torn and shown no pity
When this should be heaven for everyone

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

ritos repetidos mitos

Havia um mistério naqueles mergulhos de dezembro... Desses que fazem a gente se perguntar onde começa o mar e onde termina o céu...

E essa menina que mergulhava demais de dentro e mais pra dentro botou os dedinhos na beira da praia. Fincava os dedões rechonhudos na areia fazendo pequenas bolinhas - almôndegas esmagadas de areia. O céu estava naquele azulado feliz do verão. Algumas nuvens se espreguiçavam em cima do mar, pousando para os mais distraídos na paisagem.

Não havia barulho ali. Nem mesmo as pessoas ao redor deixavam o silêncio acordar. Havia uma quietude que ela buscava e que só o mar podia dar. Oferecer, na verdade. Essas quietudes nunca são dadas. Nada é dado. E foi justamente nesse cenário que os mitos, repetidos se materializaram. Um jeito só dela de deixar as coisas passarem. Normalmente nos finais de ano ela ficava bastante tristonha. Esse apego que se tem à vida - quase adolescente - de não querer que a vida passe. De tão boa? De medo do que está na esquina? hm...

Eram pequenos barquinhos de pedidos perdidos no tempo, nas ondas. Eles se prometiam coisas. O azul, o laranja e o violeta como testemunhas desses sonhos de amanhã. Era difícil de ver o alcance dessas promessas. Nem eles mesmos se deram conta. Um horizonte de sol preguiçoso, pronto a se deitar. E deixar os namorados debaixo d'água, num beijo mergulho de despedida. Ela tinha tanto medo de deixar aquele barquinho atravessar o oceano. Mal podia ver as profundezas de si mesma. Do outro. E tudo o que lhe restava era o desapego inconsequente. Deixar(-se) ir. E se foi... num subir, mergulhar pra lugar nenhum...

Havia histórias naquela embarcação... Só dela. E tudo o que se podia fazer era beijar os lábios molhados do oceano naquela despedida eterna de si mesma. São ritos passados, necessários. desajeitos... E por mais que se queira acompanhar as trajetórias incertas das ondas, tudo o que ela tinha ali era a esperança de que os pedidos - dela e do seu amor - chegassem num porto sei lá de onde e fosse lido e atendido sei lá por quem... Deixara-se... Perdera-se... Tomara...

E de novo, o ano, novo, começava com essas esperanças de menina reacendendo dentro dela. Motivando um respiro longo pra outro mergulho que ela sairia nem sei bem onde. Tantos mistérios nesse mar... e tantos desejos a deixar... Via os sorrisos dos dois ali, naqueles beijinhos e abraços e sussurros semi-escondidos pelo sol, nos seus raios que se deitavam nas almofadas do mar... se espreguiçando para só acordar no ano seguinte. E parecia tão longe...

Ontem eu a vi num fim de tarde chuvoso na praça pôr-do-sol. Algumas coisas aniversariavam dentro dela. E a sua celebração era silenciada por aquele fim de dia nublado. Só dela. Nos olhamos meio tímidas pela estranheza do encontro e nos reconhecemos. Lembranças de um 31 de dezembro na beira da praia. Nos lembramos do amor. Das promessas de menina e dos sonhos de eterno apaixonar-se. Não o vimos ontem na praça... Ocupado com o trabalho certamente. Mas me lembrei bem do remetente do barquinho... Ali, na esquina do teu coração. Cheio de saudade. Quis voltar pra casa. E debaixo daquela chuva nos despedimos, até o próximo 31 de dezembro. Ou num dos portos de si mesma...

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