terça-feira, outubro 03, 2006

elegendo...

Eu fiquei impressionada com a apatia eleitoral desses últimos dias. Tinha jurado que não ia escrever sobre isso porque achava o assunto desgastado, as opiniões e olhares sobre isso rotas. Enfim, me arrependi, de algum modo e cá estou eu.

Não posso dizer que fui uma menina politizada, mas gostava de assistir propagandas eleitorais, debates, discussões, mesmo sem entender nada. Acompanhei a campanha das Diretas ainda um rascunho de menina, muito pequena, mas me lembro bem das imagens. Me lembro quando o Tancredo morreu e assisti minha mãe e minha vó chorando. Lembro do Sarney falando "brasileiros e brasileiras" (ou o contrário?) - até rendeu o Jô Soares (o velho programa bom!) fazendo piadas sobre isso.

Recordo bem das eleições de 89, tinha 10 anos e me achava adulta o bastante pra falar de política, embora só repetisse o que os demais falavam - as opiniões mais divergentes - pra gerar polêmica. Vi direitinho o impeachment do Collor, mesmo sem ir às ruas. Eu era muito criança pra ir à Paulista gritar"fora"...

E tenho no coração a lembrança forte das últimas eleições. Lembro do Lula dizer que a esperança tinha vencido o medo. Puxa, isso era forte no coração, sabe? Me atingia nas entranhas. Eu nunca tinha participado de nenhum movimento estudantil - achava-os sempre muito inconsistentes, enquanto discursavam sobre a Alca, os banheiros da FFLCH/USP não tinham papel higiênico, etc.

Enfim... eu confesso que fiquei muito mobilizada nesta eleição. Um sentimento de pertencimento a um país como nunca tinha sentido antes. Um pertencimento maduro, sem aquelas empolgações funestas e fugazes de uma copa do mundo... eu percebi que isso me diz respeito sim. Mas como diz? Acho que tentei dizer...

Assisti aos debates, ouvi todo mundo, li os emails de prós e contras (mais contras...) Houve um misto de apatia profunda e conformismo com uma dor. Pesquisei o lugar dela nas pesquisas, na TV, no rádio... nada de respostas... O mais triste foi o fato das pessoas acreditarem, verdadeiramente sem verdades, que isso não lhes dizia respeito.

Por outro lado percebi nas idas revoltas de emails e de campanhas duvidentas que o debate e a busca estavam justamente nessa aparente silenciosidade... aparente. Mas as pessoas gritaram um bocado. Não sei se gritaram para serem ouvidas.

E a eleição acabou. E eu estou aqui, terminando o texto exausta. Levei uma eleição inteira fazendo campanha pra ele ser finalizado. E fico esperando o que poderei escrever daqui pra frente. Talvez eu não tenha o país que eu queira, mas o que eu precise. Gostaria de dizer o mesmo dos homens que vão liderar o país... mas não consigo, ainda.

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