sexta-feira, fevereiro 22, 2008

2 e 2 são 3

Ontem quase meia noite e eu saía na pressa de chegar em casa ou ligar ao menos antes da virada do dia. Depois de uma janta à lá egípcia com as definições das leituras e caminhos do mestrado me dei conta que outros caminhos precisavam ser revividos na minha vida. Eu adoro celebrações. De todo tipo. Pequenos rituais que nos lembram que estamos além do trivial, do comum. E que nos fazem sentir especiais.


22 de fevereiro. 2005. Eram 6 meses juntos quando esse anelzinho dourado veio parar no meu dedo pra me lembrar que essas alianças só podem existir de verdade no espírito. Nem na mente. Nela não cabe. Me lembro bem do dia. Do dia anterior e do seguinte... Lembro do nervoso e do pré-combinado do Juliano com o povo lá de casa. Lembro bem da minha cara de paisagem quando ouvi o pedido, que era tão de dentro daquele coração. E do meu sim. Tão cheio de certezas também...

Lembro do filme todo, da sequência de imagens, dos sons, das texturas e gestos. O que eu não podia prever naquele dia era o mundo de descobertas de mim e do Nosso que estavam por vir... Definitivamente não. Engraçado como o baile de máscaras terminou em mim aos poucos pra dar lugar a uma valsa lentinha no meu coração. Apaixonada e num salão gigante. Só com a gente dançando. A orquestra afastada, pra deixar a gente se fungar e dar uns beijinhos marotos um no outro... e as cortinas balançando com o vento... Demorado. Eterno. Só da gente.

Outro dia o Juliano me perguntou - daquele jetinho dele - se eu expunha a nossa intimidade aqui. Demorei pra responder. Quase tive medo que sim. Mas mais que isso. Hoje, não sei ser a Thais sem ele na minha vida... Por certo que isso parece piegas... Não me importa.

Hoje o dia 22 de todo mês como todos os minutos 22, e horas, e toda sorte de coisas curiosas e - minimamente - misteriosas com esse número me dá a sensação de completude. Aqueles lembretes que o coração manda pra cabeça numa folha de postit enorme e brilhante.

Se eu escrevo sobre nós? Me pergunto hoje o que há de só meu. Semana passada, saindo de um casamento de amigos eu comentava sobre o papo da "comunhão parcial de bens"... Fiquei pensando sobre como era ritualizar uma união parcial. Não entendia. Lembro que no meio da explicação que ele me dava (aliás, ele adora explicar coisas pra mim... ) parou no trânsito, me olhou e riu. "O amor não pode ser pela metade né?". Isso. E por mais que outros tentem me convencer sobre as garantias da modernidade, sobre as incertezas do amanhã sobre o amor, o outro e tal... a cada dia, em mim, por mais que existam as incertezas do passado, eu não sei viver um amor parcelados, sem juros, correção, inflação, crises no câmbio, risco de sobretaxa e etc.

Eu disse isso a ele um dia antes da gente começar a namorar. Que eu não queria ser metade de mim com ele. Só que nunca imaginei a profundidade dessa - quase profética - sentença. A outra metade nem sempre é legal, compreensiva. Nem sempre perdoa. Minhoca. Discute. Implica. Cutuca. E é tão humana. Tão incerta. Tão em si. Cheia de medos. Fiquei pensando se isso não é comunhão total de bens, de más, de todas as coisas que de fato são minhas...

Uma vez o Geraldo me disse que a gente ganhava o pacote no casamento... é verdade... E que as coisas que saem dali podem ser surpreendentes. Ou muito previséveis. Tudo o que tenho aprendido nesses anos - quase 4 - juntos é que quanto mais eu me quero mais tenho que dar de mim. E tenho ganhado tantos presentes desse amor. Que fazem dor, luz, amar, crescer. E querer. Continuar. Deixar. Esperar. Sem saber. Sem querer. Dar. Receber. Fechar os olhos e ter a certeza de que tudo o de incerto e misterioso e belo ainda estão por vir. Tão certo como 2 e 2 são 3...

3 comentários:

Juliano disse...

amada, que a mágica continue se abrindo e nos revelando a beleza da vida e imprescindibilidade do amor. com muito carinho do teu tchuco

Ana Carmen disse...

Tati, um texto muito bonito de uma pessoa mais bonita ainda que sabe ser feliz :)

Achei seu blog...

Beijos.

Anônimo disse...

Cheguei no seu blog atarvse do blog da minha melhor amiga, a Carolina Miranda, mas achei lindissimo o seu texto e isso define muito o que busco no amor e que na verdade nem sabia se existia!!!Parabens pelo seu relacionamento!!!Pela sua entrega! e me questiono se eu que nunca me entreguei pra viver isso ou se isso nao me bateu em minha porta ainda! Como descubro???