quarta-feira, fevereiro 20, 2008

outros eclipses

Estive ontem na casa do Jedi, depois de muitos meses sem nos vermos. Ele ainda mora na república Taleban, com os mancebos Du, Igor, Leo. Acho ainda que é o último remanescente da velha convivência da faculdade que eu encontro. Fui lá me refugiar nesses dias de quase sufoco (de)em mim mesma. São tantas imagens, informações de um passado que eu não posso mudar, nem acessar mais. Quem sabe imaginar... mas de fato ainda não sei deixá-lo ir.

Acho que fui em busca do Jedi porque a gente tem uma dinâmica de afastamento muito parecida. É aquele amigo que, mesmo depois de anos sem ver, é como se eu acabasse de sair do boteco, deixando a vida levar. Na semana passada eu tinha ligado pra uma outra pessoa atrás de "colo". Nada. Doeu miúdo aqui dentro. Um sentimento de que eu perdi, ou melhor, estou perdendo há tempos essa coisa bonita e misteriosa da amizade... Nunca achei que eu ia viver coisas no gerúndio. Muito menos a perda. Não dessa forma.

Eu nem sei exatamente o que eu fui buscar ali. Abraço, saudade, cumplicidade, risadas ou mesmo o resgate do meu lado nerd feliz. Não sei. Sei que saí de lá com vontade de escrever. Não sei o que, ou mesmo como isso aqui vai terminar. Mas tinha uma busca da Srta T que ia além dos olhos...

Quando eu estacionei o carro o João já vinha descendo e abrindo a porta... Como de costume a gente deu aquelas risadas gostosas... E eu desmontei chorando ali... Tanta coisa passou naquele choro, imagens, desapegos, decepções, sonhos desmontados, perdas e todas essas coisas que a gente não sabe traduzir mas que espremem a alma da gente...

Foi uma conversa gostosa com os meninos. A gente comeu pizza, tomou coca-cola e bebericou todas as histórias divertidas da nossa turma. Fazem 11 anos que a gente se conhece... eu ia aos poucos respirando aqui dentro e percebendo os caminhos que todo mundo tinha tomado. Quase igual ao poster dos Beatles que eu dei pro Jedi de aniversário... De vez em quando um carinho gostoso no pé e uma piadinha marota sobre o lacinho da minha sandália verde...

Quando eu finalmente resolvi ir embora a gente se sentou na porta da casa. Sabe aquela coisas de adolescente que quer conversar longe dos pais pra conversa não ser ouvida? Isso. Ficamos ali mais de 40 minutos tentando dar conta de toda a avalanche de mistérios que tomavam conta da gente nos últimos meses. Os medos, as descobertas, as revelações da gente, dos outros, dos amores, das decepções e dos desencantamentos do mundo que levavam a gente de volta pra dentro e depois pra fora. Não conseguia chorar ali. Só dizer da dor. Fiquei quieta. Escutei ele contar. A gente riu. Outro carinho no pé e um abraço desajeitado. conselhos e conselhos... cumplicidade dessas que a distância não precisa apagar. E as lembranças da escadaria do Teatro Municipal. Já são quase 5 anos...

Saí de lá mais leve e tomei o rumo de casa com essa sensação de não estar sozinha como muitas vezes eu penso - ou sinto - estar. Liguei pra casa. Nada novo. Uma conversa rápida por causa de um programa interessante na TV. Segui o caminho com as minhas minhocas no banco da frente. (O Jedi disse que elas tinham uma função bonita na minha vida... ainda não descobri qual é...) Entrei no supermercado, olhei aquele monte de prateleiras e procurei alguma coisas anti-tristeza... Nada. O supermercado é mais triste ainda. Cheguei em casa com o Juliano saracuteando beijos e amores e toda sorte de coisas de um sujeito feliz e apaixonado. Escutei ele falar. Do programa, do dia, das coisas todas que se passam ali com ele... E não tive vontade de dizer nada. Só de ficar com esse aperto no peito e deixar as minhocas cavarem mais aqui dentro, esperando encontrar sei lá bem o que...

E João! Olha só... que bom que a gente não se perde um pro outro, hein? Saudades cultivadas no coração...

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