sexta-feira, março 28, 2008

Fiquei saboreando o sol agora na janela. Estou aqui, hoje com o dia brilhando, e mais, talvez de dentro pra fora...

Ontem eu saí e voltei tarde. Antes, me atropelei na escada de casa quase fugida de mim mesma... e dei de cara com ele. acordei hoje cedo com essa sensação estranha de me querer mais e longe e perto...

Engraçado como a gente se humaniza. Ontem conversando com uma amiga me perguntava se eu era a mejera (não domada) que só via o lado ruim das coisas, paranóica, crica, moralista. Falo isso porque, por alguns momentos, confesso, quase acreditei no retrato da Srta T Gray que faziam de mim. Chorei os tubos... Quase aceitar isso me provocou uma catarse de pensamentos sentidos aqui no fundo. Tentei... olhei bem pra mim ontem. Não vi essa mulher.

Mas a gente se humaniza. Voltei pra casa e depois de desaguar mais um pouco comecei a pensar nas coisas que tenho estudado. Imaginei se todos os teóricos da antropologia, os pós-modernos, viveram essas alteridades na pele, numa pesquisa de campo mais afundada e egocentrada. Se as teorias de Mauss e Dumond sobre o indivíduo permitiam esses mergulhos no sentir, no latejar. Fiquei pensando nas teorias de gênero, nas discussões feministas, nos debates políticos, legais, sobre casamento, divórcio, aborto, maternidade. Escutei as mulheres ao meu redor falando. Enfim... adormeci no sofá sem continuar prestando atenção na conversa à lá Nash que levava...

Acordei cedíssimo, com as pontinhas de sol pipocando na cortina do quarto, dançando esse ventinho gostoso da manhã. Fiquei olhando pra ela, sem sono. Olhei pro lado e vi tanta história nessa cama. Nossa. Dele. Minha. Fiquei ali acompanhando ele respirar, dormindinho ainda, me puxando pra perto, murmurando qualquer coisa em qualquer língua, num dialeto que só eu entendo. E essa dor toda no peito parecia balançar aqui dentro. Nem sabia mais onde doía - espalhou.

Estou aqui tentando me deixar no sol. Fico agradecendo silenciosamente pelos amigos. A Lúcia e a Marcia, definitivamente são as minhas irmãs mais velhas. Essas mulheres que me mostram mais de mim. Me revelam essas sutilezas das múltiplas - e parciais - alteridades. Outro abraço, um suco de maracujá pra acalmar esse aperto. E uma soneca ao lado da cortina, que me leva pra lá e pra cá.

Nenhum comentário: