quinta-feira, março 27, 2008

Paris ... em 2 dias...

Estou aqui tarde tomando meu trago, para desgosto de alguns. Acordo cedo amanhã mas a lembrança do chopp há duas semanas com o Fabio me ajudarão mais a dormir do que as minhocas tomando whisky...

A dor insiste. Toma conta desse seu pedaço de carne em movimento chamado coração. Minhas promessas de não sentir. Não chorar. Não desistir. Nem deixar. Isso tudo passa turbilhonando a cabeça num golpe duro de dentro pra fora. Voltei dirigindo do cinema ensurdecendo essasm conversas dentro de mim. Há muitos nomes para essa dor: moralismo, paranóia, minhocas e outros nomes menos complicados espalhados nas prateleiras dos nossos desafios.

Olho pra mim mesma naquele espelho turvo. E pela primeira vez vi outra imagem. Em Paris. Uma outra personagem. Dias atrás eu conversava com a Estelinha sobre personagens ... me dei conta de que o meu parece ser mais detestável do que o dela. Fico aqui rodeando o copo. Olhando as coisas em volta da minha almofada. Meu espaço contruído de dentro pra fora quase invadindo territórios proibidos. Há portas de armários nesse quarto que me trazem mais dor. Outras que me tiram daqui e me levam embora de mim. E as gavetas...Meu personagem foi construído nesse quarto. Durante alguns dias de leituras subversivas. Que me custam até hoje...

E ainda há quem diga que há construção aqui... e me perco nesses escombros de mim. deixados de lado por esse sentir que sufoca. E depois me joga. Que quebra um confiar no outro, na vida. Em si. E me sinto só... como se quisesse andar pelas ruas daquela cidade e ver a imagem de mim e dessa personagem neurótica, que não relaxa, que se exige, que se machuca, dançando no dia da música, acompanhada de seu personagem favorito. O amor.

Olho de novo para as portas dos armários. Me lembro de pequena quando, para dormir, fechava todas as portas dos guarda-roupas para o Monstro do Armário não me pegar. Engraçado como algumas fantasias ainda me assombram. E pior. Me pegaram. Desavisada. Ensimesmada. Só que hoje eu prometo não chorar mais.

Fiquei com saudade da Márcia, da Lúcia da escola, apesar da gente se ver todo dia. Senti falta do Vinícius. Max. Do Jedi - e de todas as risadas que ele traz. Do Pico, do meu afilhado... do Rogério. Do chopp com o Fábio que me mostrou essa personagem ali de Paris, do outro lado, bem diferente. Pensei muito nos meus irmãos. Em alguns alunos - e evidentemente no meu pai - que me subtraíam dessas personas de dentro.

De mim? Nem sei do que sentir falta aqui. Nem sei se há do que ter saudade. Me vejo caminhando ali longe. De costas... Fico pensando qual outro filme vai me trazer de volta. E me deixar de lembrança essa suavidade no peito. Enquanto isso eu fico aqui. Esperando a luz acender para eu poder ir...

Nenhum comentário: