terça-feira, dezembro 09, 2008

Ainda sobre o tempo. Esse ano me dei conta da passagem do tempo por alguns motivos curiosos. Um par de motivos curiosos foi o casamento do Vinícius e o nascimento da Laura, filha da Marcia.

Há quatro anos atrás me lembro de nós 3 muito preocupados com outras coisas. Muitas outras, menos filhos e casamentos. Eu estava com um namoro afundado, a Marcia um casamento destruido e o Vinicius em pleno encantamento pela amada.

Fomos juntos no aniversario da Tereza, onde conheci o Juliano. Chovia muito e o meu mau-humor naquela ocasião só me traziam perspectivas ruins. Esse ano vi a Marcia ser mãe. Gravidíssima com uma barriga linda de morrer. Reclamenta, como sempre. Mas em clara transformação pela maternidade. Se transfigurando. Foi lindo. Nunca achei que veria a Marcinha assim. Ela sempre dizia que não queria filhos, que isso e aquilo. Mas pude ser testemunha do que a Laura fez a ela, desde o início. Hoje a pequenina está fofa, sorridente. E a mãe mais ainda.

O Vinícius... puxa! Casado! Feliz e mestre! Bom ver o melhor amigo numa situação dessas. Estou orgulhosa dele. E ao mesmo tempo, sem me surpreender. Já esperava que ele teria um futuro (próximo) bom. Merecido.

Olho os meus dois amigos como testemunha do tempo. Mais que de amizade. Isso está em tudo o que falo e sinto deles. Mas o tempo... Eles presenciaram, certamente, coisas da Thais que nem ela esperava. Das mais intensas rupturas. Corte de entranhas para um desenlace de si mesma. Foram as testemunhas mais fiéis. Silenciosas. E briguentas também. Dos conselhos mais sábios. Dos poucos que eu escuto. Irmãos mais velhos.

Hoje passei o dia fazendo coisinhas aqui e ali. Sempre me deparo com as fotos deles pela casa. E pela lembrança do quanto fazem parte da minha vida. Eu me surpreendo. Como o tempo pode ser generoso e permitir que a gente veja pessoas especiais permanecerem na nossa vida. E uma permanência que aflora, não gangrena. Olho pra eles hoje e pra mim, com a minha trajetória... cheia de momentos de sim e não, talvez, quem sabe, desisto e deixa pra lá... com umas conquistas... que só o tempo dá.

Senti saudades dos dois hoje. Daquela noite de chuva forte em 2004. Fazia frio. Das broncas da Marcia e do Vinícius. E do jeito desajeitado que sempre cuidaram de mim. Senti saudades das noitadas com a Marcia, das rizadas e de todas as conversas profundas sobre a vida e o futuro da humanidade que eu tinha com o Vinícius. Fico olhando a árvore da USP, palco desses monólogos. E hoje, a humanidade continua a mesma (provavelmente há uns 100 milhões de anos assim...), mas sem a árvore na USP. E sem o Vinícius tão perto.

Fiquei refletindo sobre os meus apegos. E me sentindo bem - e apegada - ao que pode se transformar no tempo. Às ondas do viver que me golpeiam por dentro. E ainda me deixam perplexa, surpresa pensando - e sentindo - o poder de estar vivo. Por dentro.

Quis dizer tudo isso a eles hoje. Fiquei sem jeito de ligar e despejar essa coisa enlouquecida dentro de mim. Ficou uma saudade de mudar mais. E poder testemunhar esse devir. Sem previsões. Sem pressa. Que vem debaixo de chuva... deixando o sol vir do jeito certo.

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