domingo, dezembro 14, 2008

Essa semana, parece, finalmente terminam as reformas aqui de casa. Achei engraçado - já devo ter mencionado isso - que esse fim de reforma - e o clássico ritual de arrumar a casa - encerram um ciclo de grandes arrumações internas.

Hoje, ao passar numa livraria visitei a sessão de astrologia. Sempre gostei de ler essas coisas no fim do ano. Não que eu acredite nelas. Mas a sensação de que alguém pode saber do que vai acontecer com o mundo me deixa um pouco mais tranquila nessas cachoeiras imprevisíveis do viver.

Obviamente não falarei das previsões. Isso se faz nas livrarias. Mas achei divertido sair dali e ficar perambulando nas minhas lembranças. Tenho feito muitas retrospectivas da minha vida. E tentado direcionar coisas para um futuro bem próximo, vamos assim dizer.

Hoje cedo, colocando o espelho no banheiro, fiquei pensando sobre os espelhos que atravessam o meu dia. Lembrei de sonhos que hoje pouco importam. Pessoas que perderam-se nos seus (in)significados. Dos desejos. Das coisas de aqui e ali. Olhei a casa hoje. Diversas vezes parei para olhar os nossos livros e as nossas fotos. Engraçado que parece pra mim o mais palpável do Nosso. Aquilo que fica de materializado de mim e dele pela casa. Claro, há outros sinais. As almofadas. Velas. Coisinhas por todas as partes. Mas projetamos tanto de nós naquelas fotografias. E os livros espelham conversas, desejos, desentendimentos. Sonhos. Desencantos. Aprendizados. Fiquei olhando ele suspenso na escada pendurando para colocar o espelho na parede. Ri de mim mesma tendo essas elocubrações enquanto alcançava chave de fenda e martelo.

Quando saíamos de casa depois... fiquei olhando a porta se fechando. Quanto há de nós nessas paredes. Tão isolados do mundo ali. E o quanto do mundo atravessa essas construções que às vezes parecem só nossas...

Foi bom olhar tudo isso e sentir que uma nova relação se faz - todo o momento - quando me permito escavar os fantasmas de mim e deixar a luz do sol bater nas minhas janelas. Renovo o ar me deixando levar pela vida sem querer congelar nada dentro de mim. Sem deixar que nada apodreça. É bom ve-lo apaixonado. Sentir o desejo, a ternura e o cuidado dele comigo. Ver que um esforço genuino de transformação parte dele sem que eu o peça... E que isso tudo vem de nós. de um mistério de querer. E deixar.

Há uma reforma dentro de casa que nunca termina.

Um comentário:

Lou disse...

Acho tão lindo tudo isso, não sei se já te disse isso, mas, a convivência com você e sua mãe me ensinaram muito sobre o amor e principalmente, sobre o fato que ele pode ser leve ou ao menos plantado a dois.
Beijos montes (como diz a Roberta)
Aninha!