segunda-feira, agosto 10, 2009

O mais complicado de se ficar mais velha não é ver o que está mudado de fato. Mas perceber que muitas das coisas que mudaram não tiveram a ver com as suas próprias escolhas. Você perde coisas e pessoas, e quando se dá conta que o fato está consumado. É tarde demais. Dói.

E não tive a chance de me despedir. Isso dói mais. Sobretudo para quem é cheia de rituais como eu. Nesse fim de semana eu me dei conta que havia perdido uma fase que me deixa muita saudade. E que não vai voltar. Nunca mais. E perdi de um jeito tão infantil. Mesquinho.

Vi os mesmos - poucos amigos - no sábado e tive a sensação profunda de que eu não pertencia mais àquele lugar. Que as mudanças vieram silenciosas nos anos. Mas foram devastadoras. Chorei bastante porque experimentei aquela sensação adolescente de estar deslocada - e humilhada. Um booling (é assim que se escreve?) de adultos ciumentos e inivejosos. Um materialismo qeu cansa e deprime. Afoga a pequena humanidade que pode exisitir na nossa tentativa de existir melhor.

Não quis ficar. Quis falar e não conseguir. Pedir socorro. Me esconder. Voltei pra casa pensando porque as pessoas pisam assim umas nas outras. Qual é o tamanho do medo ou da dor delas que justifique... E achei graça percebendo que incomodo tanto.

Me lembrei de algumas das vezes que fui forçada a "missões diplomáticas" com pessoas que - certamente - me deixavam desconfortáveis ou inseguras, ou qualquer coisa semelhante. Nunca bati em nenhuma delas. Ao contrário. Eu era sempre a super simpática. E acreditem, sem falsidade. Talvez seja exatamente o ponto, eu não consigo disfarçar quando estou desconfortável. Eu me esforço mesmo pra que as coisas fiquem bem. para que as amizades brotem. Uma coisa meio polyana da minha família. "evite conflitos" e se transforme. Me lembro quando o Juliano me colocou algumas vezes em saias bem apertadas...

Eu sabia que depois que ele casasse as coisas iam ficar diferentes. Mas nunca pensei que seriam tanto. Me senti num romance da Jane Austen, disse ao Juliano. Exposta na corte. E foi ridículo. Mulheres bêbadas fazem coisas ridículas. E nem se dão conta.

Fico torcendo para que não tenha perdido o amigo. Tenho perdido lentamente nos últimos anos. Mas não tinha percebido. E por isso mesmo não deu pra me despedir. E sinto o coração doer, apertado aqui dentro sem ter o que dizer disso tudo. Nem sei se é o caso de lamentar. As pessoas escolhem. E nem sempre percebem que escolhem todos os dias. E que a gente participa muito pouco da esolha dos outros. Quase nunca. E deixa pra lá. devagar... até que se passou demais, deixando um vazio, uma sensação de caminhar sobre o cimento amolecido. Por que quando secar... vai ser tarde demais para mover alguma coisa sem machucar.

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