quarta-feira, abril 18, 2007

pôr (d)o sol...

A parte boa do dia. Aulas ao fim, terminados os compromissos. Fugi correndo para pegar o pôr do sol na praça. Estou virando colega dela demais. Passo ali todos os dias e recordo muita coisa. Muita! Agora que o horário de verão acabou eu não tenho mais a rapinha do sol. Ele foge antes. Acorda mais cedo que eu. Nada mais justo.

Fiquei ali. Cheguei cedo, sol alto. Pessoas pelas escadas. Cachorros que levam os donos para passear. Uma brisa que trazia no colo o vento gelado do outono. Quase de noitinha. Desci do carro e fui caminhando solenemente até o meu cantinho. Já posso dizer que é meu. Sempre me espera.

Levei minha garrafinha de água pra molhar a garganta depois de um dia (quase)lotado de coisas pra fazer com a voz... Abri um pacotinho de clube social. Integral (quanta mania de saúde! aff...) Fiquei ali quase uma hora. Vi o disco laranja. É a única hora do dia que eu posso olhar o sol. Não me machuca os olhos. Olho de frente, de cabeça erguida. COm vontade de colocar aquela luz, aquela grandeza toda aqui dentro.

Esses dias o Juliano explicava - terapeuticamente - o significado das infinitas fungadas que eu dou nele... vontade que ele se misture comigo. Isso sempre. De ter toda essa coisa do Nosso mais e mais entranhado em mim. Quase funguei o sol hoje. Que delícia. Mas ele é grande demais para a minha mania de grandeza leonina. Mesmo com o sol no signo. É demais.

Me contentei ali. Olhei a luz cheia de charme se esconder atrás da nuvem. Sedução pura. Mostra escondendo. E deixa a gente ali, se apaixonando platonicamente. Sem nenhuma chance. Rabisquei no caderno. Não tinha nada a dizer. Uma paz esses dias. Um respiro longo. Sinal de que é preciso por o sol aqui dentro. Interiorizar a grandeza e a compreensão de que o dia e a noite só existem um pelo outro. E respeitar a noite na gente. Saber esperar a aurora. E receber de corpo quente o vento gelado da vida. Que de manhãzinha começa a soprar mais caloroso... até o meio dia, insuportável.

Acho que quis dizer isso à minha mãe hoje. Não consegui. Me deixei ali na praça? Agora o sol se pôs. E eu aqui, pondo dele em mim. No meio da noite.

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