domingo, maio 04, 2008

Fim de feriado... Alternâncias de sol e chuva. Dentro e fora de mim. Saí de um nublado anunciando tempestades para depois sentir o sol quente nos dias de frio. Dentro e fora.
Vivi intensamente esses dias sem a família e com ela. Tive vontade de ficar só. Comigo. E ontem, caminhando na beira do mar pude reencontrar nessa solidão voluntária esse silêncio que eu precisava.

Espremi os pés na areia. Fazia um dia lindo, com essa luz difusa de quase-inverno. Eu sempre gostei do pôr-do-sol. Sempre fiz de tudo pra poder assistir esses pequenos espetáculos - gratuitos - que a natureza dá. Eu sinto que é o único instante em que consigo silenciar.

Faz tempo que eu venho buscando o mar... Gostei de pegar a estrada, ver a paisagem naquelas olhadelas de canto pra não bater o carro. Foi bom. Fiquei com os meus sogros e os meus cunhados. Foram momentos bem risonhos, tranquilos.

Fui passear no fim do dia e buscar esse silêncio. Fiquei me lembrando nesse passeio do meu tio que sempre caminhava comigo na praia. Tenho tido saudades dele. Fiquei com o Juliano ali na beira do mar. Sentamos nos chinelos e observamos todas as cores que o céul alternava. Uma por uma. Do azul e do laranja um mundo de rosados, dourados. Contei pra ele de uma das passagens da Ilíada em que a deusa Aurora, de dedos róseos, passava no céu antes e depois do sol desfilar com a sua carruagem. Falei de outras coisas que os povos antigos falavam sobre o céu, o sol e essas coisas da natureza. Acho que um dos motivos de ter estudado História foi poder estender dentro de mim esse universo mágico da mitologia. Simples. Inteiro.

Saímos da praia quando tudo se tornava um azul escuro, quase negro, cheio de manchas brancas das ondas. Hoje, na praça, vimos as mesmas nuanças. Sem o mar. Sinto falta do barulhinho da água. Mas tenho me contentado em observar as cores com mais antenção que o costume. No asfalto da estrada um caminho cheio de brilhos do sol. Fiquei tão impressionada que comprei um prisma para pôr na janela da sala. Todo o apartamento bate tanto sol que eu preciso explorar mais essas poesias coloridas do dia.

E mesmo tendo saído esse tantinho eu tenho gostado de ficar em casa. Curtir a minha gata, o meu cantinho. O Nosso. Tem sido bom. Eu tenho aproveitado esses momentos mais meus. Hoje, acompanhando o blog My corner, me identifiquei com essa vontade de ficar mais em mim. Isso vem acontecendo há tempos. E não é tristeza. É uma outra vontade. De fazer carinho no coração e nesse cinzento que dá um trabalho...

Amanhã a maratona recomeça... Uma semana agitada entre notas, reuniões e toda sorte de solicitações aqui e ali. E pra isso eu levo marcado nos olhos esses dois fins de tarde. Cheio de cores e de um tranquilizar... só... silencioso...

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei esse texto. É bem seu. Sem drama, com verdades. Amei essa história dos dedos róseos, quero saber mais sobre isso. Talvez ler algo ou ouvir você contar. Desenhei em minha mente os dedos róseos do tempo. Tenho vivido momentos róseos e você ajudou a colori-los.
Márcia