sábado, agosto 23, 2008

Ainda estou com as minhocas de Nelson Rodrigues. O que será que é amar errado? É pedir, esperar, dar, sonhar, querer, (não)dizer?
Há pouco tempo eu me senti a própria utopia. Isso não é um auto-elogio. Tãopouco esse pedestal... muito menos a insaciedade...

O interessante de se escrever aqui é que nem sempre as pessoas que te lêem entendem de fato o que você escreve. Isso é bom. Uma espécie de código do sentir transcrito nesse monte de palavrinhas articuladas. Isso é um bom andar-sonhando...

Ainda me pergunto se o meu idealizar vai me manter viva nos próximos x anos. Há tanto por entender e desaprender. Fiquei com a Clarice esse dias: entender é limitado. O texto falando de Ulisses e Lorelay... ele soube esperar ela ficar pronta. E disse isso a ela. Invejei. Acho que encerrei meus tempos de espera nessa encarnação. Esperar cansa. Mesmo que você esteja sentado. deitado... Hoje me dei conta que essa espera minha parece estar bastante mutilada. Cheia de pus e com um hematoma bem no meio... me dá uma fraqueza, lá de dentro, antiga, mofada.

Fiquei pensando se a vida fosse mesmo do jeito que a gente quer, se as pessoas fossem massinhas de modelar. Mas fiquei com o peito doendo porque às vezes o desafio que a gente se impõe é maior do que se pode ceder. Analisei as bases hoje cedo. Há muito o que ceder ainda? Parar de pedir é possível? É bom?

Por que?

Fiquei com a sensação da utopia... todos nós somos utópicos. Acreditamos tanto nas próprias referências que as tomamos como lei. E desejamos que outros legislem como nós. Fiquei triste. Doeu. Me senti tão e extremamente só que curvei. Dobrei os joelhos e abaixei a cabeça aqui dentro. Parecia que o dia terminara sem o por do sol. E o que se havia de belo a ritualizar... ficou... não sei onde. Se perdi? Não sei. Não encontro mais. E ainda aperto os machucados pra ver se sai mais...

Será que a gente ama certo algum dia? Existe isso? Ou se ama com o que se tem? Me lembro sempre do Vinícius que me repondia à frase "as pessoas dão o que podem de si" com "as pessoas dão o que querem"... até hoje não resolvi essa equação.

Olhei em volta em casa hoje cedo. Eram menos de 7 horas e eu já estava enebriada de trabalho e a cabeça funcionando. Senti o coração doer. Voltei pra cama. Voltei pro computador. Nada. Doía e eu sentia esse solitário dentro de mim crescer. Era como se eu tentasse convencer Salamanca que a Terra era redonda de fato. Mas só eu sabia. E ainda sabia, mais acreditava do que sabia. Nunca vi a Terra de cima pra provar isso, oras. Será que a gente precisa ver o amor de cima? Napoleão um dia disse que no amor, como na guerra, pra se vencer era preciso ver de perto. Não sei se eu consigo chegar assim tão perto...

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