terça-feira, outubro 21, 2008

envenenamento

Onde guardei os venenos que insistem colocar em mim? Fico procurando junto às lagartixas verdes, coloridas. Não encontro.

Fico pensando porque, por onde. E tudo o que me sobra são essas lembranças azedas, depositadas em mim. Mistura ocre de inveja e rancor. Continuo me lavando. E não sei tirar de mim. Ontem subindo as escadas afundava os pés naquele lodo viscoso. Nada além de mim sobrevivia... Vontade de me esquecer de tudo. De nem saber mais quem sou.

Voltei ao lugar de sempre. Cheio de minhocas e bichos. O escuro. Vontade de chorar. Sumir. Fugir. E me peguei de novo indo embora de mim. Não voltei ainda. Fico aqui procurando novas portas de saída. Sem barras, sem pânico. Me afundei de novo em poesias distantes. Como se quisesse acender a luz debaixo da terra. Ninguém me veria mais. E me escondo. Me procuro. Me sigo para esse caminho torto de mim. Angustiado de novo. Sem resposta. E a cicatriz rasga nesse passado interminável de dor.

Paro. Não respiro. Por onde mesmo? E leio Pessoa. E desisto. Cansaço profundo de novo. Vontade de apagar. Dormir. Esquecer e resfriar essa ardência toda.

Não guardei os antídotos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, espero que tenha se recuperado. Às vezes é preciso esquecer a si e a todos os pensamentos e apenas olhar pela janela, para o nada que é tudo.

O espírito é que nem água suja. Se deixar quieto, a sujeira decanta ou flutua na superfície, e a água está novamente limpa.