segunda-feira, maio 14, 2007

amortecendo

Tenho sentido esse adormecimento, depois de tanto querer
Olho pra fora, pra dentro, e só o que vejo é a possibilidade de amortecimento completo.
Eu não quero mais. Deixar isso tomar conta é tão assustador, sim... parece que se vai, de mim, pra fora.

É como se, de alguma forma, eu não pudesse mais respirar. Nadando dentro do peito já é tão difícil... pudera nadar em mares que a gente, pretenciosamente, deseja conhecer... é mais que arriscoso. É quase suicídio.

Passei a noite em claro, ouvindo a janela bater, olhando os vultos do quarto. Sentindo as brisas de chuva... lembrava da tarde agradável de domingo, esperando a noite chegar. O céu, com aquele multicolorido azulado, lilás... meia-dúzia de estrelas escondidas pelas milhares que caíram no chão. Fiquei ali, enroscada nos pensamentos sem sentido de dor, ouvindo a minha própria solidão chamar o mundo dele que não me pertence. Sentia as mãos, os beijos, os afagos... e me protegia de tanta coisa... olhava, deitada a imensidão do céu e queria ir embora... navegar naquele azul pra fora de mim... poder respirar aliviada. Como se eu não pudesse sentir mais.

À noite, depois de sonhar com a Clara, curiosamente clareando os meus monstrengos de pensar... fiquei acordada, como disse. Esperando o dia chegar com alguma resposta. Acho que é mais fácil a gente pensar que está aliviada se parar de sentir. Como eu invejo essa possibilidade. Tenho me sentido em frangalhos. Aos pedaços, de novo. Aquela sensação que vivi há 3 anos atrás parece ter voltado. Eu não quero desistir. Mas tem sido tão solitário...

Queria poder pedir, agir, sentir menos, querer menos. Rezar para esquecer, deixar. E nada disso. Só aquele entorpecimento depois de um choro longo, doído nas almofadas. Como se, de algum modo, as lágrimas pudessem arrastar para fora de mim essas lembranças tortuosas, doloridas. E purificar. Senti um vazio depois do choro, como se não houvesse mais nada dentro de mim, nem a dor. Só esse sono, essa exaustão de querer, de tentar. E de não conseguir mais esperar. Tanto por viver... por sonhar. E tantos desejos a realizar nesses beijos, carinhos. E tudo o que eu senti ontem foi esse amortecer de dentro. De querer descansar. De quase poder parar. E deixar isso ir. A gente não perde aquilo que nunca teve... Isso dói mais - a sensação de nunca ter tido... e de imaginar, por minutos de amortecer... que talvez, mesmo, eu nunca venha a ter... e seja só um sonho bom, um sonhar de menina apaixonada. Infantil... desses que a gente carrega no peito pela eternidade...

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