sábado, maio 05, 2007

E a lua mesmo?

Ontem me peguei olhando para o céu... isso acontece há algum tempo especialmente em dias de lua cheia...

Fiquei olhando pra ela, como se, de alguma forma, as perguntas que eu sempre faço tivessem naquele brilho a resposta... quanta bobagem me passou ali...

Tenho olhado para uma ferida, cada vez mais profunda, que cava buracos enormes... e que tem, ultimamente, deixado a superfície esburacada... dói muito, e cada vez mais. E mais ainda pela percepção, cada vez mais nítida, de que nada do que eu queira, ou faça, terá uma repercussão efetiva. Talvez seja mesmo essa a "mágica" da frustração... nada se faz... nem se pode, e agora, nem se deva. Estou cansada. De tanta coisa.

Acendi um incenso dentro de casa. Inalo esse perfume do mesmo modo que pergunto à Lua se ela tem algo a me dizer. Se ela, ou qualquer outro astro lá em cima tem algum controle sobre o que eu sinto. E sobre o que o outro sente. Ora, seria até irônico pensar que alguém o controla. Ele, que teme tanto o descontrole de si mesmo, de sua inútil e infantil maneira de se portar e de se descomportar. Senti nojo. Me lembro da Lua... e mais nojo ainda. Como se pode permitir tantas máscaras, iludidas em si mesmas para afastar, e justificar e completar e caminhar, cada vez mais pra longe. Olho pra fumaça do incenso aqui... ele invade o quarto, a sala e a cozinha. Entranha-se na vida alheia. E os outros nada fazem pra isso... não o impedem, não disputam com ele esse poderzinho territorial. O ponto principal é acendê-lo. E nada mais. De novo, olhei pra Lua na 5a. feira... ela crescia, majestosa à minha frente... e escondia charmosa as suas esburacadas cicatrizes - feridas... doídas do impacto de astros metidos a besta. Cometas que invadem, tomam, estragam tudo com essa luz tão bonita... e somem... Me perguntei se eu era capaz disso... mais... se eu de fato queria isso. Para que? Para preservá-lo da certeza de que ele não sabe - e me parece cada vez mais que não quer - ser alguma coisa a mais que um cometinha bestalhudo... se relacionar em profundidade... é ser tão responsável assim? Ora... claro... e nada mais parece se clarear dentro de mim, a não ser a certeza que estou, a cada dia, mais, mais e mais iludida. Desejando manter essa ilusão daqui, de dentro de mim mesma. E não sei mais tirar isso de fora.

O incenso acaba... ninguém parece perturbado aqui dentro. Só eu. Olho para o redor dos objetos. Há um Dexter no meu computador. Ele aponta para a janela. É isso, talvez. As coisas estejam demais aqui dentro. E eu esteja, profundamente exausta, cansada de tudo. Deixando de acreditar. Fé não pode ter esforço. E eu vejo que tenho feito força demais...

Ah, claro. A Lua? sim... continua ali, deixando todo mundo com a ilusão de que ela controla alguma coisa... Bela maquiagem para os fracos de si mesmos... que temem tanto o seu próprio deixar-se... bela maneira de ir embora sem precisar se despedir. E sem se comprometer... deixo lá. No canto, vejo a Lua indo... o incenso apagando, eu, cansando, quase deixando de ir... de uma vez...

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