Ainda vivendo apegos... a experiência de reencontrar a dona da Lina me deixou com alguns dilemas. Morais. Dói e é incrível como a dor sinaliza na gente um cannyon de sentir. Umas coisas profundas cheias de sombras e mistérios.
Passo ali do lado da casa dela com gratidão. Há muita generosidade nesse gesto de deixar a Lina com a gente. E ao mesmo tempo, sabendo de tudo o que as meninas sentiram com o sumiço da gatinha... me vi sendo a bruxa má da história. E é impressionante como a gente pode ser a mesma coisa. Ao mesmo tempo.
Na 2a. feira o Juliano, voltando do veterinário, encontra na rua dona da gatinha... Disse que os filhos todos ficaram muito mal com ela. Quando ouvi a notícia me deu um aperto no peito. Tanto apego! Me senti tão pouco generosa, egoísta mesmo. E fiquei nesse ir e vir...
Tenho pensado muito sobre a generosidade. Juliano sempre me disse que eu era muito generosa com as pessoas. Sempre acreditei que essa era uma virtude minha. Mas ontem, e refletindo sobre as coisas que tenho feito, do modo como tenho feito, me descobri - humanamente - egoísta. Percebi como toda a teoria sobre identidade, alteridade e essas "dades" todas da antropologia e da História me deixaram sem resposta para as coisas que tenho vivido. Aqui fez sentido a frase do Ulpiano, meu ex-orientador "você tem de idade menos da metade do meu tempo de carreira". A presunção intelectual dele era um alerta para a minha presunção ainda não classificada.
Tenho vito as pessoas ao meu redor com atitudes que tem me ensinado muito. Esses dias no trabalho uma das professoras de alemão que eu gosto muito foi muitíssimo carinhosa. Tenho percebido isso nos meus pais, sobretudo o meu pai com aquele jeito meio durango-palhaço. O Juliano, deixando o Nosso se abrir mais... Tenho percebido a minha fragilidade nesse período e adoraria crer que se trata do clássico "inferno astral", afinal, falta quase 1 mês para eu dar outra cabeçada em Saturno.
Olhei a Lina aqui em casa pedindo carinho por causa dos cortes da cirurgia... manhosa. Dei uma olhada hoje cedo na minha casa, andei e percebi os cantinhos que fazem sentido pra mim aqui dentro. Quase secretos. Livros, incensos, quadros e outros badulaquesinhos. Tem um quadro de um Pã tocando flauta no alto de NY. Gosto da solidão tranquila dele. E do jeito que ele parece ignorar aquela coisa toda surreal ali embaixo no universo dos humanos. Ou será que ele sabe (in)exatamente como a gente é (inexato)? Deixei a música vir para o dia de hoje... e suavizar o coração...
quarta-feira, junho 11, 2008
Postado por Srta T às 9:15 AM
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Um comentário:
risos...
ótimo post
melhoras pra Lina! :)
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