quinta-feira, junho 26, 2008

Reformas e pó. Combinação para um começo de férias bem inusitado. Começamos uma reforma no apartamento. Engraçado porque faz uma semana que a Lina foi embora. E literalmente a casa virou de pernas pro ar. Entretanto eu fiquei com a sensação de que faz mais tempo. Doeu muito e ainda me pego dando umas espiadinhas na vila aqui do lado pra ver se eu "trombo" com ela.

Passei o domingo tirando as coisas do lugar e arrastando móveis e subindo escadas e banquetas. Acho que trabalhei umas 7 horas nesse vai e vem. Achei graça porque, afinal, domingo é dia de descanso. E consegui descansar a minha cabeça mais assim do que atirada na praça por do sol com o chimarrão.

Suei, reclamei. Dormi exausta. Acordei cedo dia seguinte com o prenúncio de um dia frio, agitado e cheio de correrias. Minha última semana de trabalho antes das férias foram bem emocionantes.

Fiquei imaginando aquele monte de entulhos dentro de mim. A gente costuma demolir as coisas - quando não demolem pra gente - e nem sempre joga fora o entulho caído. Olhei a minha cozinha no chão e me dei conta de um apego sutil ali. Lembrei das coisas boas que aconteceram naquele lugar. Das tristes. Das discussões com o Juliano, enfim. Das minhas horas de café da manhã sozinha. Em silêncio. Dos pensamentos, pesares, saudades, alegrias. Muita coisa ali desde os 2 anos que viemos pra cá. Pensei em fotografar mesmo e registrar o lance do processo... mas não.

Olhei a casa toda desarrumada e achei graça de gostar dessa bagunça. Hoje cedo fiquei aqui cozinhando essas coisas de memória, saudades. De repente percebi que as coisas são mesmo bem transitórias. Nada é de fato nosso. Nem o corpo.

Nas minhas tomadas de consciência (vamos dizer assim...)nesse universo ocidental de academia, trabalho e consumo me peguei ontem numa rotina engraçada. Trabalhei, saí pra correr e malhar e depois passei na Cobasi pra comprar remédios e comida para os gatos. Humanizada. Curti isso. Ter quem me espere cheio de dengos - além do Juliano evidentemente, sujeito a alterações de trabalho e humor.

Quando chegava em casa me lembrei da Lina, do tempo que ela passou comigo e tudo o mais. Abro a garagem e vejo o carro da Fran, dona dela, saindo da esquina. Apertou o peito aqui dentro. Entro em casa e vejo a Filó. Olhei aquela filhotinha carinhosa, sapeca agarrada em mim. As coisas nos são emprestadas mesmo. E essa mistura toda de reforma, destruição, construção, desapego e quero mais me deixaram hoje meio amortecida, sem saber direito onde e como ir, fazendo o que... com vontade de deixar passar... esperar e ver.

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