sexta-feira, julho 28, 2006

e que seja doce, sendo

Ontem recebi dois alunos queridos demais no MASP pra me visitar. Uma dessas visitas sem propósito direto, sem combinações muito agendadas. Mas um impulso de uma saudade que se lapida com esses pequenos momentos.

Sempre que encontro os meus alunos e ex-alunos fora do ambiente de sala de aula vejo as profecias do Julio Aquino se materializarem diante dos olhos.

Há alguns anos atrás, 2001 eu acho, quando terminei o curso dele, depois de um sarau emocional literário no peito e no resto do corpo (sensível) o Caio Abreu selou uma nova trajetória de buscas pra mim. O texto eu não me lembro do título, mas lembro dos dragões, da doçura. E que seja doce. Essa frase estremece(me) em mim ainda hoje. Esse foi o sinal de despedida do Julio da sua condição do professor formal para a entrada no meu coração da sua condição de Mestre. E isso não é piegas não. É fato.

Não me lembro bem das suas palavras de sentença. Nem mesmo das avaliações (formais até) do seu curso, dos alunos, enfim. Mas lembro do sinal, dele e do Caio para a vida "e que seja doce". Que seja doce a caminhada, a quebração de cabeça. Que seja doce amadurecer, apesar de doloroso. Que seja doce ser humilde. Corajoso. Que seja doce (um pouco azedo às vezes) perder. E que seja doce se encontrar. E ensinar. E foi exatamente aqui que tudo ficou congelado pra mim. A cena de despedida dele, passada no meu cineminha cafona em câmera lenta terminado de ler o texto; fechando o livro. Aí, foi aí que ele olhou nos olhos de todo mundo na classe e disse, pausadamente - e q u e s e j a d o c e.... ficou. Parou ali.

Eu ainda sinto essa pausa acontecendo em mim. Rever os alunos e testemunhar o caminhos se entrecruzando sentencia essa doçura. Alguns mais, outros menos. Seria difícil descrever a visita do Zé Paulo, do Fernando e da Marina em casa, a homenagem da 5 série no fim do ano passado. O sorvete com o Guilherme. Outras mil epifanias ocorridas desde o começo da minha trajetória juliana. Nem sei mesmo se é o caso de ficar aqui listando e contando (não quero ficar do tipo pseudo Mr Keating com alunos subindo nas cadeiras por mim) - basta que tenham coragem de subir em si mesmos. E se eu puder estar ali pra ver, já basta. e agradeço pelos doces no caminho do país das fadas.

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