sábado, julho 22, 2006

pacifica-te

Essa frase do João ontem à noite foi, de modo bem irônico, uma resposta ao desassossego do primeiro escrito.
Foi particularmente interessante ver como a vida te responde à altura, não na hora, nem menos no modo como você encomenda a resposta dela. Danadinha. Mas a noite de ontem foi bem super na medida em que as surpresas de antigos retornos e velhas conversas sentaram-se à mesa do Opção. Foi mais que escolha.

Lá pelas tantas da noite o Jedi chegou. E pra variar os nossos abraços são sempre felizes (na acepção mais linear dessa expressão mesmo!) - depois de rirmos um bocado, sacarmos as espadas invisíveis e nos sentarmos para falar bobagens (sempre acontece) o velho assunto da escadaria do Teatro Municipal voltou.

Há pelo menos 3 anos nos sentamos ali e as nossas confidências se estenderam para mais de um espetáculo de encontros, desencontros e tantas sinfonias. Nunca mais conseguimos conversar daquele jeito. Me dá saudades, ao mesmo tempo que brota uma paz silenciosa e tímida aqui dentro de saber que isso está acima de temporalidades limitadas da nossa compreensão.
Ontem recuperamos esse temporal todo. Falei da solidão. Não desse estar só, sem ninguém. Mas do andar solitário por mim mesma. Crescer é solitário. Viver... nem sempre, acho.

Depois de colocar as minhocas pra tomar cerveja com a gente, deixá-las falar, se abrir, etc (se conhecerem também... me dei conta que as minhas minhocas não se conheciam, apesar da vizinhança tão próxima.) percebo o clássico distúrbio na força. Padrão. Sempre acontece quando a gente mergulha demais - de repente tudo silenciou...

No meio do mergulho, por entre os olhares, os gestos, os silêncios, o abismo cresceu mais. Foi magnífico olhar pra ele, bem lá no centro. Tão escuro... profundo que nem os contornos eu podia enxergar. Acho que nem sabia mais olhar para trás.

Depois de ser resgatada por um susto, pelo meu choro também - reconhecendo o tamanho dos meus limites! - fiquei com a sensação de que são essas as contribuições que as amizades nos dão. A capacidade de mergulhar. Em mim, no outro. Em nós. E é exatamente o mesmo caminho do amor. Esse mesmo que o Mário Quintana e outros poetas falam. E como diz o Arthur da Távola, não há classificações e categorias de amor. Meu diria: "se ama e pronto". Prático assim. Só a gente na tentativa de sair da nossa ignorância... categórica.

Talvez esse texto seja bem piegas, ridículo, mas o Pessoa diz que as cartas de amor são sempre ridículas. Eu tenho gostado desse estado de pleno ridículo já há algum tempo. Vivendo o Nosso. mergulhando, mergulhando e me deixando abismar...

Nenhum comentário: