segunda-feira, agosto 06, 2007

descasulando

28. Saturno. E esse amadurecer lento. Doído. Que a gente joga pra fora da gente quase cuspindo. Márcia leu meus textos aqui. Achei legal porque às vezes sinto que a solidão me toma escrevendo. Me deixa esse sentir-se só... Engraçado porque ela me fez ver uma coisa que tenho refletido - sozinha, claro.

Me perguntou se eu estava infeliz. Me disse - nada sutilmente, claro Márcia - que eu projeto as minhas dores nos outros, sobretudo no Juliano. É ÓBVIO que eu faço isso, por isso se chama relacionamento. Por isso mais ainda que eu estou vivendo essa catarse de transformações alucinantes interiores - e exteriores: CORTEI O CABELO! estou me achando suuuuuper mulherão! bom pra nova fase de aniversário!

Sábado rolou a festinha. Bom ver os amigos de tanto tempo! nossa! tanta gente querida! e todos se apresentando! se conhecendo se curtindo! uma delícia. Enfim. Eu fico sempre embasbacada e alucinada porque de repente estão todos juntos ali, de uma vez, ao mesmo tempo agora. E essa vontade de abraçar e sair falando-rindo-dançando-badalando-chorando com todos eles. E claro que eu não consigo. Minha hiperatividade ainda não deu conta disso. Ainda bem.

Mas o ponto da noite foi uma conversa com o Gavin. Ele é uma jóia dessas preciosíssimas que encontrei no meio do deserto. Um deserto intenso de experiências peregrinas pra dentro e fora de mim. Ao mesmo tempo. Um ano de trabalho com artistas num projeto meio "vamos mudar o mundo". Depois que os poderes de Grayscol não rolaram e faltou maturidade de todos os lados, o esqueleto tomou o castelo. E eu saí por Tandera sem querer definitivamente mudar o mundo. Já dá trabalho mexer dentro desse caroço aqui. Mas voltando ao Gavin... Artista queridíssimo e um educador que sabe - tem aprendido na pele... educar a dor. A dele. E isso me comove demais. Foi pouquinho, mas nesses pouquinhos sempre rolam as epifanias. Mistérios da vida.

Ainda vou escrever mais sobre ele depois... Mas o presente veio depois de uns vinhos aqui e ali. Uma despedida carinhosa e cheia de encorajamentos para prosseguir nesse desafio - bem precário às vezes - que a gente chama de amadurecer. Arte mesmo. Tekné. Saber fazer. Sem receitas. Aí está o conceito de habilidade.

Hoje saio da terapia depois de um mês de sossego externo e puro inferno astral vivido no âmago desse cuspimento de mim. Alívio... mais talvez porque as coisas demorem a se resolver do jeito que eu quero - e aí reside um mistério gostoso da vida - do que de uma pseudo-solução-terapêutica-astrológica-espiritual.

A gente vai vivendo. E se humanizando. E amando. E (des)cobrindo mais da gente. (re)velando... tanta coisa boa. Que presente ter o Juliano por perto. Mais perto de mim do que eu mesma...

pra me segurar quando eu bater as asas e deixar essa vida lagarteando...

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