domingo, agosto 27, 2006

onde ficar?

Como diferenciar o ciúmes do medo e da insegurança de perder? De se sentir ameaçada? Não falo isso pra mim, mas como mostrar ao outro a legitimidade de um sentimento sem que ele se contamine?

Eu não sei como fazer isso. Nem sei se há um modo. Como revelar alguma coisa pro outro e deixar que a fronteira entre o mim e você seja demarcada o suficiente para não haver contágio? Quando a gente fala, isso não mais nos pertence? É o mesmo com a escrita?

Onde fica o nosso poder sobre a gente mesmo, sobre o que a gente tem de mais nosso? O próprio sentir. Depois do ultimato eu larguei as defesas. Coloquei outras mais sutis no lugar. E tenho procurado o espaço do silêncio. Tudo é tão barulhento aqui dentro de mim. Me lembro do Nelsinho. Vontade de escutar o que ele tem pra dizer.

Eu tenho tentado falar do sono das minhocas, do adormecer do furacão, do fim dos incêndios e das enchentes. Mas só há tragédias na memória. Elas não vão sair dali pra me escutar? Não posso subsituir o filme e as fotos?

Não tenho mais espaço pra dizer o que é preciso ser dito? Não há escuta pra mim... Nem interesse sobre o que se passa aqui. Nem uma olhadela superficial no que pode se transformar. No que mudou. Nas novas defesas, sem arame farpado. Acho que sentem medo de ver o que está se transformando dentro de mim. De perceber o poder do novo. Da casa limpa.

Eu tentei. Mas não sei silenciar. Não sei esperar pelo trauma passar. Há alguns em mim ainda que não passaram, ao contrário. Que se cristalizam conforme o tempo. Criaram raízes que não quero deixar aprofundar no peito, depois elas tomam conta do resto do corpo. Será o mesmo com o outro? Será que passamos pelo mesmo medo? Pelo mesmo sentir? Será que eu também não consigo perceber o medo, a insegurança?

Onde ficar até isso passar?

2 comentários:

Anônimo disse...

testando

Anônimo disse...

thaís querida,

é a dri puzzilli. fui eu a anônima só pra saber se funcionava.

queria te falar que achei linda a forma comop você escreve, nunca tinha tido a oportunidade de ver.

adorei em especial este texto, pode ser pela id3ntificação que tive com ele...

sabe, acho que sempre a gente perde um pouco do "poder" do sentimento de permanencia de nós mesmos, de nossos sentimentos, do que pensamos quando compartilhamos com alguem ... e acho que por mais sofrível que seja, esta situação é quase que uma condição de relacionamento, entende?

acho que a gente se mistura com quem amamos, com quem admiramos! a quastão é como lidar, né? e nem sempre somos compreendidos.

lindo texto!

depois nos falamos mais.

um beijão da dri