sexta-feira, setembro 21, 2007

casa vazia

São 4 da manhã... acordei com o bips do palm tocando discretinho pra não morrer com a queda do meu tapa. Hoje a casa fica vazia.

O Juliano saiu para o RJ. A Claudia sai daqui há pouco também. A sensação da casa vazia é estranha quando sempre está preenchida pelo Nosso. Será rápido. Amanhã a gente vai se ver. Mas quanta eternidade entre o hoje e o amanhã... Olho as coisas aqui, a bgunça habitual das nossas coisinhas. A rotina de deixar sempre as mesmas coisas fora do lugar. De arrumar parcialmente outras... e os cheiros da gente misturados na casa. Está escuro ainda. São quase 7 da manhã e o dia parece eu, teima em ficar aqui escondidinho na casa.

Fiquei pensando quando voltava do terminal Barra Funda como a vida da gente se entranha no outro. E nesse en(S)tranhamento sai o gosto de plástico das coisas que existem fora de mim. Nas minhas declarações de mulher apaixonada sempre digo que não saberia viver mais sem ele. A gente até aprende, dá um jeito. Mas nem quero iniciar esse curso. ME matriculei no coração dele e não pretendo sair... há tanta eternidade no sentir.

Um amigo meu muito querido, a quem eu gosto sempre de escutar, o Gavin, me disse uma vez falando do seu casamento que "pra sempre" é um jeito de dizer uma coisa que a gente não dá conta de medir. "eu te amo pra sempre" é um jeito humano de dizer que é muito, muito, muito e muito. E nem o primeiro muito a gente mede o quanto é. Isso sempre me passa pela cabeça. Fico pensando nos outros namorados que tive... nos meus amores platônicos do colégio... era tudo tão pra sempre.

E o que difere o Nosso? Não meço. Sinto. E sinto em tudo aqui que me cerca nessa casa que apesar de vazia está preenchida com histórias secretas, tímidas, apaixonadas, desesperadas, enciumadas, furiosas, tristes, enamoradas, românticas, redentoras, transformadoras e todo o outro léxico que a gente se esforça pra dar a isso que ousamos nomear e definir - o sentir.

Ontem, voltando pra casa da USP com os vidros abertos deixei as dores se aliviarem na noite. Era tarde quando cheguei e o coração apertado dentro de mim sabia que hoje cedo eu estaria sozinha. Fiquei antecipando uma série de despedidas de hoje cedo, de outros amanhãs com ele. Sempre penso quando a separação precisará ser mais longa. Não pra sempre. Mas há tanta eternidade nesse "meio-tempo". Ele é mais inteiro na saudade...

Fiquei pensando se é apenas o "acostumar" da gente com o outro. Acostumar é quando não há amor. Não me acostumei ao Juliano. De fato. Eu o estranho dentro de mim até hoje, pelo rebuliço que ele me causa. Tira o meu respirar da inércia. Não me acostumei com a casa. Ainda há cantos aqui dentro que eu desconheço. E o que me segura aqui dentro é essa vontade de descobrir o outro em mim. Encher a casa de dentro de vida. Pentear os pensamentos como diz o Caio Fernando... e desembaraçar o meu medo de sair...

Nenhum comentário: