sábado, setembro 01, 2007

ouvindo o rádio

Há algum tempo o rádio tem sido mais companheiro que muitos amigos. Não pela falta de amizade do pessoal. Mas pela presença mais constante. Ao menos mais tagarela. Há algumas semanas eu tenho redescoberto algumas outras epifanias nas ondas invisíveis...

Sair de casa para o trabalho tem um ritual diário de compenetração interior. É a hora antes do espetáculo que a fantasia é colocada e a maquiagem refeita. Enfrentar a sala de aula é, de um certo modo, confrontar os meus personagens comigo mesma. E isso requer meditação e recolhimento. Antes. Depois.

No caminho há um trecho particularmente especial onde eu sempre paro um pouquinho para olhar. São 7 árvores que denunciam as estações do ano como ninguém. No interior da Vila Madalena... e eu passo ali sempre e me remeto ao meu coração, ao meu pensar, ao meu sentir, viver, falar e calar. Dá uma vontade enorme de silenciar tudo o resto em volta de mim. Parar para respirar e de alguma forma, observar a nuanças de cores de violeta, rosa, verdes, amarelos e dourados. Neste outono eu acompanhei o sono de cada uma delas. Passava de carro e já de longe via que as folhas e as flores - generosamente - enfeitavam o meu caminho para o trabalho. Era quase como um tapete vermelho pelo qual eu passava e, ritualmente, caminhava para o meu palco interior. Com prêmios inapreensíveis e inexplicáveis.

Mas essas últimas semanas... me dei conta que sempre ali dava a sorte (????) de ouvir uma música no rádio. Dessas que a gente gosta DEMAIS e pede para ouvir... foi mágico me dar conta que as árvores, as 7, funcionam como uma espécie de portal... silencioso para abrir as percepções musicais de outras rádios dentro da gente.

Mais mágico ainda foi perceber que a maioria das músicas por elas escolhidas eram endereçadas ao Juliano. Ou melhor, ao Nosso. E mais engraçado que tudo isso foi perceber que eu sempre ligava nessas horas do celular para ele para ele escutar as músicas junto comigo. E os risos dos dois ao telefone finalizavam essas canções.

Dias atrás indo por esse mesmo caminho, muito cedo, liguei na rádio USP... era a voz do Juliano falando no Leia Livro. Mistério? Disposição? Certamente epifanias que não merecem explicações, do contrário, deixam de ser epifanias...

Isso tem sido frequente... e me dando conta disso passei a cumprimentar as árvores. Todas elas. Agradecendo por esse cuidado especial no meu coração. Acho que até deu certo essa prece diária de agradeceres... essa semana elas inauguraram os primeiros traços da primavera... tá aí. No meu coração também. Hoje, sem tulipas no jardim de casa, mas com o peito florido, só para quem aqueles que tem olhos de ver.

Um comentário:

Jeff Paiva disse...

Não resisti e te indiquei no meu post do BlogDay, lá no Jambock.

Beijos!