quarta-feira, setembro 05, 2007

Hoje é o lanaçamento do livro do Juliano... Ontem à noite fui encontrar o meu amigo-irmão de alma e demos uma passeada pela livraria. Lá estava o livro no meio de tantos outros...

Fiquei me lembrando de um email que ele mandou semana passada sobre a sensação de ver seu livro publicado ali no meio de tantos outros. Achei graça do caminho da cabeça dele. Mas ontem, mais que isso fiquei pensando ali na livraria, olhando aquele monte de autores, sobre os caminhos de cada um deles. Nesse sentido é mágico poder acompanhar a gestação de um filho nos bastidores. Tanto aprendizado nisso. Crescimento. Dilatação de dentro.

E perdoem as pieguices, mas fiquei com a imagem do filme do "Procurando Nemo". É um pouco essa a sensação - pressuponho - você lançar naquele oceano, informações, conhecimento, opinião. É tanto por ver. Fiquei orgulhosa dele. Por alguns segundos eu me lembrava de uma fala constante no Nosso "eu sou tímido". Timidez é sinal de orgulho. E achei bonito, corajoso, ele se despir desse jeito pro mundo. Humanizar as relações. E vejo esse livro acontecendo dentro da gente. Das descobertas, das experiências. Da humanização de coisas que não são escritas. De um cuidado no observar, perceber.

Fiquei pensando se os outros autores ali tinham vivido isso no coração de algum modo. Que histórias eles tinham para contar? Como tinham sido os bastidores dessa despir-se? Pena as editoras não contarem essas coisas. Parece sempre que o livro vem pronto. Que a vida prontifica tudo pra gente. E ontem, depois, conversando com o Vinícius, falando sobre o amor, os relacionamentos, os desafios, os casamentos, fiquei com o coração emocionado sabendo que tudo isso é pura construção. E que as fundações dela são trabalhosas de levantar. Custam. Suor, desapego, paixão pelo transformar-se... deixar-se ir pela mão do outro. É mais que confiança. É entrega. E como a gnete teima nisso! Cumplicidade...

ELe não dormiu essa noite. Claro. No lugar dele provavelmente eu teria tido um treco antes... mesmo. Mas acho especial poder testemunhar esse nascimento, acompanhado de tantos outros que os leitores mal imaginam. Nada virtual.

Hoje cedo, há pouco, ele saiu de casa serelepe. Tinha uma porção de coisas para fazer. Está preparado para o evento de hoje à noite. Uma agitação que lembra festa de formatura, primeiro encontro, casamento, esses ritos que marcam os caminhos transformando-se... Comecei a arrumar as coisas aqui e deixei a roupa dele em ordem. Bontinha, pendurada. Achei graça disso. Cuidar dele. A ternura surge nesses pequenos momentos da vida. Que tem permanências tão sutis... e aí me senti como aquelas mulheres no mundo antigo... que as historiadoras de gênero não me leiam! - arrumando o guerreiro. E me emocionei. Você ajeita e prepara o outro para algo que está fora das fronteiras do seu... do Nosso, e ao mesmo tempo percebe que essa fronteira é tão dilatada. Elástica.

Percebi o cheiro dele, a nossa história, as nossas coisas. E tudo ali tão etéreo, mas forte. Tentei me colocar no lugar dele. Repensar a trajetória profissional, os caminhos perdidos, encontrados, os desvios. As celebrações, os choros. As idas. As voltas. Surpresas. Há tanto nesse homem e, mesmo eu, assim tão perto, não sou capaz de apreender essas sutilezas invisíveis. A sensação de querer apoiar e não saber como nos deixa vulneráveis nesse amor. Expostas as debilidades desajeitantes da gente. E acho graça de mim querendo bancar a "esposa". Revi os meus escritos de pesquisa. Tudo passou tão rápido... ri da minha dificuldade de comunicar essas sutilezas todas...

Achei bonito esse feminino desengajado em mim. Fiquei ali, olhando a camisa, a calça, um bom tempo. O sol entrando pelo quarto, anunciando esse dia dele. E que delícia poder ser a primeira convidada. Para um debate dentro dele. Sem platéia. E que não tem prazo para acabar.

Juliano autografou o meu coração... pra sempre. E eu permaneço conectada...

Um comentário:

Juliano disse...

amada, o que dizer, assim, tão aberto ao mundo? só que eu te amo demais. obrigado por querer estar sempre perto. juca