terça-feira, setembro 04, 2007

Algumas descobertas da vida são mais dolorosas pelo descompasso do que pelo descobrir... Às vezes sinto como se vivesse num filme francês cheio de histórias que se enrolam em si, desdobram-se nos sentires, olhares, calares... E falar? Para que?


Tem sido difícil conviver com o silêncio. Em muitos sentidos. Muitas vezes tenho a tentação de sempre me fazer sincera. Direta. De algum modo - ingênuo? - penso que isso pode ser uma demonstração de força de caráter. E o mais estúpido é quando a gente se percebe completamente humanizada e despida dessas etiquetas sem fim... E olhar os talvez. Os "se"... quem sabe? Dói. E mais pela ausência de qualquer solução do que pela verborrágica procura - (ir)racional - de ações. Pragmatismo. Nada...

Ontem saí da terapia com esse vazio. Me lembrava da fala do Juliano, citando uma vez, que os sentimentos não precisam ser comunicados. Só sentidos. Alguém aí sabe como se faz isso? Digamos que para uma pessoa absolutamente pluralizada na experiência do sentir - e por que não completar dizendo que há uma dose de exagero nisso tudo que não sei como resolver (há meios?) - a sensação deve ser comunicada. Faz parte do ritual do viver.

E ontem me dei conta que há de fato coisas que a gente carrega sempre, para sempre talvez, para dentro da gente. E ficam ali. Vivas. Mas monologam com o teu coração. E você nem sempre pode - ou deve - responder. Era tarde e me deu uma crise de choro no carro. Andei devagarzinho pela direita para não correr riscos. Expor desse jeito o sentir me parece arriscoso... Mas que seja. Consegui falar ao telefone bem quase engasgada por mim mesma. Dirigindo o carro e desgovernada aqui dentro.

E o que fazer com o sentir? Deixar? Sair? Sentir? Não tenho idéia de como isso sai - ou fica - na gente. Em paz. Tenho vontade de falar e não consigo. De rir e não posso. De chorar... e não sei mais. Dá saudade.

Acordei à noite milhões de vezes e vi o Juliano ali do lado. Dormindo na sua semi-gripe de pré-lançamento. Gostoso saber dele ali perto. Mas a insegurnaça do peito apertava e me impedia de continuar o sono que nunca chegava. Saí cedo. E espero que o dia me deixe respirar um pouco para fora de mim. Aqui dentro muitas vezes o mundo sufoca. E lá fora... tanto por sentir. Novidade. Diferente...

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