segunda-feira, julho 07, 2008

De volta ao lar... ainda em reconstrução e, claro, para dar certo o ciclo pós viagem, chegando em casa me deparo com uma carta de uma vizinha pitizenta.

Achei curioso como a intuição é pouquíssimo ouvida... recebendo as notícias perto do mar (que ela não saiba) de que o prédio estava mais do que apodrecido por dentro, senti que o distúrbio na força seria bem maior do que pareciam mostrar as imagens de nuvens no céu.

Não vou dissertar o longo apreço que tenho por essa figura que tem lá os seus amarres históricos comigo. Para não falar de outros engodos. Isso sem falar nos 6 meses de azucrinação volta-do-trabalho que eu tinha que escutar sem manda-la para aqueles lugares. Enfim. Aos poucos as coisas faziam mais e mais sentido e a aparente "não-vou-mesmo-com-a-sua-cara" se materializou em uma briguinha muda (da minha parte) por uma coisa meio fêmea-alfa. O mais difícil numa situação de guerra não-declarada é quando o inimigo sabe mais que você. E o seu aliado se recusa a dividir algumas informações vitais para a compreensão da peleia. Ora, ficou mais simples depois que o Juliano "situou" algumas questões.

Acho que pela primeira vez a frase "We have a situation here" fez tanto sentido. Ontem, chegando daquele descanso mais que merecido e suadinho... me dei de cara na minha casa com uma cartinha da moça. Francamente. Além de escrever mal, a figura parecia ter escrito a Papai Noel reclamando que a sua bicicleta não tinha chegado. Me vi enfurecida. Odeio invasões na minha intimidade e quando atacam os meus, enfureço mesmo. Vi uma leoa andando em alerta na porta de casa e nas escadas. Importante: a carta era endereçada ao meu marido. Bom. E muito ruim. Acendeu uma veia estrategista minha - que sempre temo: serviços secretos do mundo que se cuidem! - que imediatamente levantei um arsenar de coisas para atacar efetivamente.

O mais estranho de tudo era o fato de eu saber que isso não era "politicamente correto". Ora, há maneiras e maneiras de se fazer políticas corretas. Depende sempre do objetivo, não é? Comecei a minhocar. Fazia tempo que as minhocas não apareciam assim tão enfurecidas. Glorioso.

Tive que ouvir o Juliano argumentar e falar de rancores, propostas de armistícios e tentativas diplomáticas. Ouvi. Enfureci de novo. Bom jeito de se treinar a paciência. Aliás, livros de auto-ajuda deveriam recomendar veementemente ter um vizinho mala e mau-caráter. Faz brotar em você um misto de instinto civilizado.

Hoje cedo, depois de tomar um café da manhã emburrada e ter passado a maior parte da noite em claro rezando e maldizendo a criatura - os céus vão ter que fazer sua reunião de paz também... - vou buscar os gatinhos no hotel. Depois de abraçar e apertar bem os dois - recém de banho tomado, fofos, e saudosos - dei de cara com a fofa na escada. Tudo se resumiu a um "oi" meu, bem longo, irônico talvez, mas elegante. Em cima do salto como dizem as vovós. E a um oi seco, grosseiro e bastante enfurecidinho. Não vou mentir que gostei que ela ficou sem água. Uma certa vingancinha silenciosa pelas coisas todas que ela me disse.

Agora, nesse jogo de birras... só espero passar esse engodo no peito e voltar a passear pelas escadas sem armas na mão. Incrível como a gente é humano. Bixo. Instinto territorial mesmo. Com algumas armas mais ferinas que as dos animais. Essas deles podem cicatrizar e fechar. As nossas são permanências...

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