quinta-feira, junho 07, 2007

andar de olhos fechados

Exsite uma coisa na experiência do tempo que é a gente se surpreender com a gente mesmo. Eu tenho vivido isso. Essas pequenas - e profundas descobertas - (a)temporais...
Depois dos sopros frios do inverno na cicatriz... olhei pra ela, que parecia ainda tão doída e feia. Puxa, que alívio apertar o corte e olhar nos olhos dele. Olhar a sua pequenes, a sua fragilidade e o seu sentimento de estar deslocado no meu corpo.

Estava mesmo. Só havi lugar ali para algo que habita a minha vida há 3 anos... Olho sempre para o Juliano surpreendida com a possibilidade de que as coisas nunca são as mesmas - ainda bem - e que as transformações acontecem na alquimia mágica da convivência. Sempre me cobrei achando que ele dá muito mais para essa relação do que eu. O curioso é que recentemente peguei ele dizendo o mesmo pra mim. Ficamos ali, quietos, olhando nos olhos transfigurantes da alma apaixonada. Nada... Rimos. É sempre incrível quando você tem a chance de não julgar. De compreender e perceber, como uma brisa na fresta da janela, que as janelas nunca são iguais. As paisagens que elas abrem para o que a gente julga "estar lá fora" são sempre distintas, surpreendentes. E que sol mais bonito que invade a minha vida aqui dentro.

Sinto o coração esquentar. Percebo que esse amor que eu recebo, dado de graça, de alma, de corpo e de todas as ações que as pessoas julgariam piegas ou romanticazinhas ou qualquer coisa à lá etc e tal invade a vida. Olho para quem ele foi. Escuto todos os dias "você me faz a cada dia ter vontade de ser uma pessoa melhor" Entre palavras cortadas por suspiros, romances, beijos, carinhos, "eu te amo" infinitos... essa concretude da transformação que o amor opera. Testemunho isso. Sinto. Vejo. (des)Cubro.

Eu fui reler os útimos textos daqui. E achei interessante que o caminhar da dilatação perceptiva da gente se acelera, ofusca. Me dei conta que na vida, a gente sempre anda de olhos fechados, morrendo de medo de ver o que está além daquilo que podemos tocar, sentir. O desconhecido fica desconhecido porque o medo de aproximação é sempre maior que a curiosidade corajosa. Olhei pra ele agora há pouco cantando pra mim... que delícia saber que quando ele abriu os olhos, era eu que estava ali na frente... e que maravilha saber que eu posso abrir e fechar os meus. Tem sempre aquela mão carinhosa no meu rosto... e um sussurro baixinho... mas isso não posso contar...

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