segunda-feira, março 12, 2007

Acabei de voltar pra casa... são mais de 11 pm... não estou com sono e estou com uma sensação incômoda de alívio. A dor parece ter diluído. Para onde ela foi? e o que eu faço agora sem ela?

Voltei dirigindo na Raposo. Chovia e eu me preocupava em escolher uma trilha sonora que condizesse com meu estado de espírito. Não sabia muito bem como poderia tocar. O pensamento se ia. Eu acelerava na esperança de passar a outra curva e sair de mim. Enfim... procurava.

Tocou bola de meia, bola de gude ... Fiquei ouvindo e uma emoção me tomou conta quando dizia a frase quando o adulto balança o menino vem pra me dar a mão. Comecei a procurar o lado mais generoso de mim mesma e pensando se ia valer a pena tanta misericórdia. Chovia mais.

Ontem assistindo o a procura da felicidade me dei conta que é esse o único direito que de fato temos. Procurar sermos felizes. Procurar ser. Não somos. Acho que nada. Além de genuinamente contraditórios e humanos (pobre Spock!) E que os americanos, mais uma vez são felizes em expressar a obviedade da vida e a sua genialidade em textos aprentemente despretenciosos a discussões existencialistas. Hoje à tarde, lendo o comentário do João no texto do Bush fiquei me perguntando se eu tinha me expressado direito ou se eu era mesmo assim. Fragmentada e dificultosa na percepção do mundo. Mas que mundo mesmo? Acho que ele tem razão.

Voltando... Subia a Rebouças com aquela iluminação toda me cegando e a música acabava. Me tirava do torpor anestésico da dor. Cantava e me emocionava com o fato da vida sempre oferecer pra nós o direito à busca da felicidade. Isso mesmo. A segunda, terceira, quantas chances você quiser. E ela só pede pra você esperar. Só isso. Nem que sejam milênios. Você guarda a dor, como peça de museu, cuidadosamente colocada na vitrine do seu antiquário emocional, cheio de peças romanas. Bustos. Jóias. Estátuas sem olhos. E brancas. sem vida. E passa horas se enganando de que não quer mais aquilo. Nem preço você põe. Ela te pertence e não está à venda.

Foi um pouco essa a sensação de voltar para casa hoje. Acho que comecei a me despedir do antiquário colocando as peças a leilão... alviei o peito. Mesmo que demorem a comprar, ao menos anuncio. Voltei para o meu apartamento, docemente tentada a parar num bar e pedir uma dose de whisky. Ia levar aquele papo com Deus que há tempos tenho tentado. Sabe como é... me explicar, contar causos e enxer o velho de perguntas. Mas acho que ele prefere um dry martini. Vou refazer o convite.

Abri uma cervejinha na falta de coisa mais sofisticada. Sentei no sofá e fiquei namorando a minha fonte de água rodeada pelas plantas... havia aquela simplicidade genuína. Humana. E um alívio profundo. Deixava uma parte lamacenta de lembranças tristes se lavarem naquela fonte... e se irem... Só queria agradecer à vida por isso. Por me deixar contar outras coisas. Por reapresentar essa sensação de tranquilidade e bem-querer que eu nem sabia mais que tinha... e João. o Bush... já, já...

Um comentário:

Anônimo disse...

We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.