sexta-feira, março 09, 2007

tropicando

Engraçado como a gente tropeça na gente. Faz alguns anos que isso acontece... armadilhas infantis da nossa pseudo-super(des)confiança própria.

Passei os dias contando as minhas próprias armadilhas. Me vi colocada na torre de marfim esperando o príncipe vir me buscar. Mas esqueci que tinha prometido a ele fazer o mesmo...

Demorei pra me dar conta que a gente tinha se conhecido pela janela... as torres são tão bonitas. Deixam a gente com um gostinho de quero mais na boca. Tão seguro. Quentinho...

Vi que a construção da ponte... demorada! se tornou de um lado só. O dele. A minha ponte ficou parada. Estava cansada de por tijolinhos ali depois de quase 7 anos de contrução frustrada. Quanto mais eu chegava perto da torre, mais alta ela ficava. Gritei, pedi para ele voltar. Nada. Quanta dor. E uma dor pontiaguda, que me tirou da minha torre; E eu caía no infinito poço do meu nada... Mas tinha uma rede de proteção lá embaixo, que me segurou e me jogou de volta dentro da minha torre. Eu só podia me esconder, mas sempre adorei a sacada alta da vida. O balcão da Julieta. A gente vê tudo lá de cima e ainda toma aquele ventinho. Não faz esforço e só se dá ao trabalho de esperar. Uma delícia. Ficamos nos olhando muito ali da janela. Demoradamente, nos escondíamos atrás das cortinas para ver quem saía para olhava primeiro. Coisa de criança grande.

A torre permanece. Às vezes vazia... às vezes cheia de gente na minha festinha particular. Ao menos abri as janelas e as cortinas. Deixei ventilar os ares da liberdade, do amor. De uma vontade de entregar. E puxa, quanto mais alto, mais forte o vento. Sair de lá é arriscoso mesmo... E ficar... hmmmm...

Esses dias eu fui inspecionar os arredores e foi engraçado como eu ri de mim olhando aqui e ali para ver se estava tudo inteiro na minha fortificação de vidro. Ouvi um som de harpa (isso é verdade mesmo, eu adoro esse instrumento) e me lembrei de um fã que me disse, anos atrás, que eu parecia uma harpa. Grande, imponente, mas tão frágil. Me dei conta que o meu príncipe, esperado em encarnações, nunca chegou, se foi. E fiquei ali, parada, ouvindo o silêncio da espera, com a harpa quebrada.

Fui dilubriada pelo coração, puxa vida esse desgraçado! Me atirou da janela. E estou caindo, aos poucos, estendo os braços pra me agarrar e não consigo, estou sem controle da queda... que bom que a gente não tem jurisdição sobre isso. que alívio! e que medo! o friozinho na barriga não sumiu ainda.

Espero o cair de mim... de olhos fechados, tentando recuperar a respiração e não ver para onde essa queda me leva. De quando em vez olho para o alto da torre. Se distancia. Vai ficando pequenininha... longe... lá longe... mas ainda preciso me despedir daquele lugar.

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