Meu pai... puxa, maluquíssimo escrever sobre ele. É uma mistura complexa - não à toa que fez engenharia química - que dá nós na cabeça de mortais. Os deuses, pobrezinhos...
O moço dá trabalho. Há uma série de coisas aqui que eu poderia - e irei - contar sobre ele... mas devagar, são como as lembranças de Sto Amaro. Lentamente vão voltando...
Esses dias ele resolveu fazer o doutorado. Acho que foi bem assim mesmo. Esses dias. É um sujeito impulsivo, que quando decide, faz mesmo. Mas vamos lá. Pagou umas aulas de inglês e se mandou a fazer a prova. Nada simples. Na USP, como ele gosta de encher a boca para falar. Enche a boca até para dizer que a prova não foi - mesmo - NADA FÁCIL... em um linguajar que lhe é bastante peculiar. Imaginem... nordestino, criado na porra-loquice dos anos 60, num bairro de periferia. Essas coisas que ou constroem heróis, ou bandidos. Ou se destroem inocentes...
Meu pai. Saía o resultado da prova ontem. Nem me lembrei. Pois o cara foi até a universidade e olhou a lista. Melhor dizendo: uma lista. Qualquer lista. "Reparou na data?" Claro que não. Isso não é um detalhe importante para ele. Poucos detalhes são importantes para ele... a não ser a minha mãe. Que de detalhe na vida do moço não tinha nada.
Voltou para casa arrasado. Mudinho. Silenciou na dor, na decepção pois seu nome não estava na lista. Quando foi encontrar seu professor de inglês - malandro esse outrto moço! - falava arrasado do seu fracasso. Já tinha delineado planos para refazer a prova, etc, etc...
O ponto é que o rapazinho viu a lista do ano passado. Clara, minha irmã já tinha avisado meio mundo e combinado também de dar o trote no calouro... Sem ovada (se bem que merecia!).
Hoje à noite ele me ligou. A gente nunca foi muito bom para falar de sentimentos e tal, embora eu tenha sido exigente com ele. Sempre fluimos bem nas conversas mais "cabeça". Somos parecidos. Em muitas coisas. Fiquei orgulhosa dele e feliz que tenha querido me contar. Agora o epílogo... "você vai contar essa história pra todo mundo?" Dei uma risadinha - coisa de filha - "pqp" ele decodificou.
quarta-feira, março 21, 2007
coisa de pai
Postado por Srta T às 10:19 PM
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