quarta-feira, março 14, 2007

voltando de lá

Trata-se de um pequeno amontoado de reflexões perdidas...

A Márcia vai se casar. Não estarei lá. Tem todo um complicador de tempo, espaço, logística e emprego novo. Noite passada não dormi. Essa noite o sono foi agitado e fiquei com o peito apertado sabendo que a gente não ia estar juntas nesse sábado. Tantas histórias e entrelinhas na nossa relação. Tanta coisa testemunhada, silenciada, dita de tantas formas entreroscasdas.

Fiquei pensando alto isso o dia todo. À noite, no meio da aula de antropologia, pirando sobre Saussurre e os poréns da linguística/língua e tal me dei conta que a gente tem um vocabulário pobre para falar do sentir. Mesmo o português... Doeu um pouco essa limitação toda e pensei que mesmo fazendo anos de exercícios emocionais a gente não atinge performances desejáveis. Nem mesmo aceitáveis.

Fiquei com vontade de ligar para ela e dizer um monte de coisas. De sumir e estar lá. Qualquer sacrifício pareceria pouco para retribuir tudo o que a Márcia é pra mim. Viajar horas, não dormir. Mas parece que a gente é escravo dessa vidinha que pediu a Deus. Pobre Deus de novo... tá sempre ocupado.

Eu saí da USP e fui dar um rolê pela cidade, rápido porque estava na rua desde as 7:30 da manhã e queria um banho... Ouvi música, acelerei o carro. Tomei muito vento na cara e nada me tirava a sensação de estar em falta com ela. Talvez, Marcia, se você ler isso uma hora, pareça um pedido de desculpas. Mas pelo que mesmo? Eu nem saberia começar essa cartinha miserável.

Vou ficar aqui, imaginando você de noiva, mandando todas as vibrações. E com o coração profundamente apertado. Não há possibilidades de negociação no trabalho. Imagem. Significa muita coisa. E todo esse senso de responsabilidade que a gente tem, que às vezes é tão pesado. E que torna o viver muitas vezes tão mais pesado. Faltei nas aulas de resistência. O roteirista me colocou em outro departamento.

Vou sentir saudade de viver esse momento com você. Presenciar a sua família te libertando, oficialmente - embora o coração esteje sempre preso... Ver os seus amigos que de alguma forma também são meus. Ver coisas todas que me foram dadas por você num exercício fantástico de imaginar.

Eu volto de lá. Imaginando tanta coisa. Fantasiando a minha lealdade e compartilhar. Com essa sensação de vazio. De um querer dividido. Sofridinho até. E com receio que essas cenas se repitam na vida. Escolher exige tantas habilidades emocionais...

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando leio seu blog, quase escuto sua voz...
Não é a mesma coisa que te ver mas mata um pouquinho da saudade...